Governo estuda PEC para acabar com estabilidade de servidores
O Governo Federal prepara uma ampla reforma administrativa em seu quadro de servidores. As mudanças devem incluir diminuição do número de carreiras e aumento dos níveis para progressão. Outra alteração pretendida é o fim da estabilidade.
Em entrevista nessa terça-feira (03), o secretário especial adjunto de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Gleisson Rubin, afirmou que se estuda encaminhar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com o conteúdo.
“A gente até entende que talvez seja mais factível neste momento você estabelecer uma linha de corte e só fazer discussão que envolva PEC, você fazer isso valer de quem ingressar a partir de agora para frente, nos mesmos moldes do que foi feito quando se instituiu regime de Previdência complementar”, disse Rubin quando questionado se a mudança valeria para todos os servidores ou para os que ingressarem a partir de então.
Reforma administrativa
O fim da estabilidade vem na esteira de uma série de outras mudanças para o funcionalismo público federal. Em setembro ou outubro, deve chegar ao Congresso Nacional um amplo projeto de reforma administrativa. Segundo o portal de notícia G1, as alterações incluem:
- Redução dos salários pagos, de modo a se aproximar à “realidade do mercado”;
- Aumento do número de níveis na carreira para que os servidores demorem mais tempo para chegar ao salário final;
- Redução das cerca de 300 carreiras para algo entre 20 ou 30;
- Alterações no sistema de avaliação de servidores públicos;
- Contratação de celetistas e temporários via concurso público.
Estabilidade já ameaçada
No Senado, já tramita uma proposta que, na prática, põe fim à estabilidade.
O Projeto de Lei do Senado (PLS) 116/2017 propõe uma avaliação anual de desempenho dos servidores, compreendendo o período entre 1º de maio de um ano e 30 de abril do ano seguinte. Cada trabalhador será analisado por uma comissão formada por três pessoas: a sua chefia imediata, outro trabalhador estável escolhido pelo órgão de recursos humanos da instituição e um colega lotado na mesma unidade.
Leia mais sobre o PLS 116/2017 aqui.
Estabilidade é fundamental para serviços públicos
A estabilidade no serviço público não existe à toa: é uma ferramenta para impedir demissões injustas e perseguições políticas de qualquer espécie. Garante ainda que os serviços oferecidos sejam constantes e de qualidade, não ficando à mercê de quem está no poder.
No caso do ensino, essa medida engrossa as perseguições a docentes, já impulsionadas atualmente por movimentos como o Escola sem Partido. Ataca a autonomia pedagógica e na condução de pesquisas, como alertam entidades da área, incluindo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN).
(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações da Reuters e G1)