Denúncia sobre fraude na compra da Covaxin escancara importância da estabilidade dos servidores
A denúncia de supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin escancarou uma realidade: a estabilidade dos servidores públicos é um mecanismo imprescindível para o bom funcionamento do Estado. O fim da estabilidade é justamente um dos pontos colocados pela reforma administrativa, em tramitação na Câmara como Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32.
O servidor do Ministério da Saúde, Luiz Ricardo Miranda, foi quem, juntamente a seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), trouxe à tona o escândalo. O parlamentar, em entrevista ao canal CNN, disse ter sido procurado pelo irmão, então chefe da divisão de importação do ministério, relatando estar sofrendo pressão para a compra da vacina contra a covid-19, Covaxin. Diante dos fortes indícios de irregularidades, os dois afirmam ter procurado o presidente Jair Bolsonaro no dia 20 de março.
Além do tempo de negociação para a compra ter sido muito curto, chamou a atenção especialmente o preço pago por cada dose, 1.000% maior do que o anunciado pelo fabricante em agosto de 2020. Na época, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sequer havia autorizado o uso desse imunizante no país.
Após a entrevista, os irmãos foram chamados a depor na CPI da Covid. O deputado Luis Miranda reafirmou que procurou o presidente para relatar as possíveis irregularidades. Teria, então, ouvido de Bolsonaro que a compra seria “rolo de um deputado”, dando a entender que já estava ciente do esquema fraudulento. Questionado sobre quem seria o parlamentar, respondeu: “foi o Ricardo Barros (Progressistas-PR) que o presidente falou. Foi o Ricardo Barros. Eu queria ter dito desde o primeiro momento, mas vocês não sabem o que eu vou passar”. Barros é o líder do governo na Câmara e autor uma emenda parlamentar que facilitou a compra dos imunizantes. E mais: o deputado paranaense é amigo de longa data do empresário Francisco Feio Ribeiro Filho, pai de um dos sócios da empresa que atua como contratada do Ministério da Saúde para a aquisição da vacina.
“A partir de agora sou contra a reforma administrativa porque se não fosse a estabilidade o meu irmão não estaria aqui sentado, com a coragem que ele tem, de denunciar isso tudo que está ocorrendo. A estabilidade, para o funcionário público, é a garantia de que eles não podem ser coagidos”, afirmou o deputado Luis Miranda em depoimento à CPI.
No domingo (27), o parlamentar denunciou que o irmão teve o seu acesso ao sistema do Ministério da Saúde bloqueado.
Intimidação a servidores que denunciaram ex-ministro
O caso da Covaxin ganhou repercussão na mesma semana em que Ricardo Salles foi exonerado do cargo de ministro do meio ambiente também após denúncia de um servidor público. O responsável pela notícia-crime, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), foi o delegado Alexandre Saraiva, que foi afastado do cargo de superintendente da Polícia Federal do Amazonas como retaliação.
Na foto em destaque, irmãos Miranda prestam depoimento à CPI
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(Assessoria de Comunicação da ASPUV )
AFF
COMO VAI OS 3,17%. ISSO INTERESSA A MAIORIA. Esse sindicato vai continuar fechado até quando? Logo logo não tem porquê.