“Só professor que não quer trabalhar”, diz líder do governo na Câmara
“Só professor que não quer trabalhar”. A frase, totalmente descolada da realidade e desrespeitosa à categoria, foi proferida pelo líder do Governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR). A declaração se deu durante as discussões a respeito do Projeto de Lei (PL) 5595, que proíbe a suspensão das atividades escolares presenciais durante a pandemia e foi aprovado esta semana, na casa legislativa.
Para se justificar, Barros diz que estados e municípios chegaram a retomar as aulas este ano. Apenas se “esqueceu” de pontuar o custo a que isso foi feito. No estado de São Paulo, 51 professores morreram em decorrência da Covid-19 na volta às atividades. Um estudo mostrou que a incidência da doença entre esses docentes foi três vezes maior do que a média da população no período.
Além do que, o deputado simplesmente omite a alta carga de trabalho a que estão sujeitos professores de todo o país durante a pandemia. A suspensão das aulas presenciais implicou a migração delas para o formato remoto. Ou seja, à preparação de conteúdos, correção de trabalhos e orientação de estudantes se somou o manejo de novas ferramentas, muitas vezes, sem qualquer treinamento prévio. No caso da ASPUV, são vários os relatos recebidos de docentes exaustos nesta nova rotina.
A ASPUV repudia a declaração de Barros e convoca toda a categoria para somar forças à derrubada do projeto, que, agora, segue para tramitação no Senado Federal.
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