Setembro Amarelo acende discussão sobre o suicídio nas universidades
Assunto incômodo à sociedade, o suicídio vem ganhando atenção. Embora ainda seja tabu, há consenso de que o debate sobre o assunto precisa ganhar fôlego para a prevenção de novos casos.
Nesse sentido, ganha força a campanha Setembro Amarelo. Lançada nacionalmente em 2015, a iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) tem como objetivo pautar intensamente o tema durante o mês, pegando como gancho o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, celebrado em 10 de setembro.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no planeta. Esta é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos.
O problema é registro especialmente nas nações com baixa renda média da população. Esses países concentram 80% dos casos, de acordo com números de 2016 da OMS. A maioria das ocorrências acontece em zonas rurais e agrícolas. Ainda de segundo a organização, o Brasil é o 8º país com a maior incidência de suicídio: são mais de 11 mil registros anuais.
Ambiente universitário
A temática também ganhou visibilidade no ambiente universitário com a divulgação de casos de suicídio e tentativas entre estudantes, técnicos e docentes. Não há, no entanto, uma pesquisa nacional que jogue luz sobre a real dimensão do problema e aprofunde o debate na comunidade acadêmica.
“Há inúmeros casos, nos últimos anos, de suicídio entre docentes, discentes e técnicos, e por essa razão, o Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) aprovou inserir-se na campanha do Setembro Amarelo, por entender que é imprescindível reforçar ações preventivas ao suicídio no âmbito acadêmico”, explica a primeira vice-presidente da Regional Norte I do sindicato nacional e integrante do Grupo de Trabalho de Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA), Kátia Vallina.
Uma pesquisa realizada em 2014 pelo Andes-SN e pela Seção Sindical dos Docentes da UFPA (Adufpa) evidenciou que condições de trabalho adversas, oriundas da imposição do produtivismo acadêmico, podem levar docentes ao adoecimento mental. E o atual cenário de retirada de direitos e sucateamento da universidade tende a piorar a questão, na avaliação da dirigente. “A atual conjuntura sinaliza para o aprofundamento das perdas de direitos sociais, da perseguição ideológica e do denuncismo contidos em projetos como o Escola sem Partido, que estimula o assédio moral e a criminalização, e tendem a agravar esse quadro do adoecimento docente na medida em que desrespeita a liberdade de expressão e de cátedra dos(as) professores(as)”, finaliza.
Em relação especificamente ao corpo estudantil, os problemas emocionais também são uma constante. Segundo um levantamento da Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), oito em cada dez graduandos já sentiram sintomas como ansiedade, desânimo, insônia, sensação de desamparo, desespero, falta de esperança e sentimento de solidão.
Alguns casos chegam ao extremo do suicídio. Em 2017, ganhou repercussão o que ficou conhecido como “surto de suicídio” na USP, quando seis alunos do curso de medicina tentaram se matar. Também na universidade, mas no ano seguinte, quatro alunos tiraram a vida em apenas dois meses. Em Viçosa, foi registrada a morte de uma aluna da UFV no ano passado. Seus amigos relataram que a jovem sofria com sintomas de depressão.
Da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) vem um dado alarmante. Um pesquisa com 637 estudantes apontou que 9,9% deles haviam tido pensamentos suicidas nos 30 dias anteriores ao levantamento.
Setembro amarelo em Viçosa
Em Viçosa, também serão realizadas ações alusivas ao Setembro Amarelo.
A UFV oferecerá uma série de atividades, que incluem oficinas, palestras e espaços de lazer. A programação completa está disponível aqui.
Confira também:
– Rádio ASPUV Saúde Mental nas Universidades
(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações do Andes-SN)