Reitor interventor expulsa quase 200 estudantes cotistas da UFRGS
O reitor interventor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Carlos Bulhões, desligou de forma sumária ao menos 190 estudantes cotistas, que estavam matriculados provisoriamente desde o início do ano letivo de 2021. A matrícula definitiva ainda dependia de análise, conforme os trâmites da instituição de ensino.
Os alunos expulsos foram surpreendidos com a decisão informada via e-mail no último fia 02, véspera de feriado sem tempo hábil para recorrer. Diante da arbitrariedade, realizaram um ato em frente à reitoria da UFRGS, pedindo um novo prazo para regularizar a situação. A seção sindical do Andes-SN na universidade participou do ato e defendeu “que a administração central ofereça alternativas ao desligamento sumário de estudantes que ainda não conseguiram reunir a documentação solicitada ou que têm problemas na documentação”.
“A matrícula provisória é um instituto precário que perdura há muitos anos em nossa Universidade e precisa ser resolvido de pronto (…). O desligamento de estudantes dessa maneira contradiz a Resolução 25/2020 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), que regulamenta o ERE (Ensino Remoto Emergencial)”, reforça a seção sindical.
Entenda o caso
Os estudantes foram surpreendidos pelo desligamento em um e-mail enviado na quarta-feira (2). Por ser véspera de feriado, não havia plantão da universidade para elucidar sobre dúvidas. Além disso, quinta e sexta foram ponto facultativo na UFRGS.
“Só liberaram a lista de desligamentos no e-mail das pessoas que foram desligadas, o que gerou toda uma comoção de estarem desligando 190 pessoas de uma vez. Antes, iam fazendo aos poucos, o que inclusive ajudava o DCE a atender, mas agora liberaram uma grande leva de uma só vez”, critica a integrante do DCE local, Victória Farias, em reportagem do portal Sul 21.
A matrícula provisória é invalidada, caso o candidato não cumpra as exigências do edital para a vaga pretendida, em um processo realizado anualmente. O problema, alerta a representação estudantil, é que algumas pessoas que não receberam as notificações em tempo hábil para recurso, enquanto outras, que não conhecem bem a universidade e ingressaram já durante a pandemia, podem não ter compreendido os trâmites envolvidos.
O período de recurso nas esferas institucionais já foi encerrado, mas o DCE dará apoio jurídico para situações em que há possibilidade de reverter a decisão. “É importante lembrar que estamos em meio a uma pandemia, e a comunidade acadêmica também está mergulhada no drama social com milhares de mortes diárias por Covid-19, afetando a capacidade dos estudantes de providenciar documentações e acompanhar as demandas do processo de matrícula”, acrescenta publicação do DCE nas redes sociais.
Repúdio
Em nota, a diretoria do Andes-SN também repudiou a decisão do interventor Carlos Bulhões, classificando-a como autoritária. “Eliminar do cotidiano da universidade exatamente aqueles sujeitos que representam o lado oposto à lógica bolsonarista. São os/as estudantes pobres, vindos/as de escola públicas, negros e negras, indígenas, filhos e filhas da classe trabalhadora que expressam a necessidade de avançarmos ainda mais nas políticas de cotas (…). Bolsonaro e seus/suas interventores/as querem destruir qualquer traço popular do ambiente da universidade. Desejam uma universidade sem povo e moldada na lógica do lucro. Não querem um ambiente de estudo, pesquisa, ações de extensão e ciência emancipadores”, disse o sindicato nacional.
Confira também:
– Rádio ASPUV autonomia universitária
(Assessoria de Comunicação do Andes-SN com edições da ASPUV)
Minha duvida e: tem como mover um processo coletivo, pedindo o retorno dos alunos?