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Seção Sindical dos Docentes da UFV
Lattes fora do ar exemplifica desmonte da ciência brasileira

Em mais um capítulo do desmonte da ciência nacional, a Plataforma Lattes, que reúne o currículo e os dados dos professores e pesquisadores brasileiros, está fora do ar. Em um primeiro momento, o CNPq afirmou que não era possível dimensionar a perda, já que o portal não contaria com backup (cópia de segurança). Depois, recuou e disse que dispunha desse mecanismo. 

O problema foi constatado na última sexta-feira (23) e permanece sem ser resolvido. Ainda não há detalhes oficiais sobre as causas, mas, de acordo com o Sindicato Nacional dos Gestores Públicos em C&T (SindGCT), informações recebidas  “dão conta que um houve a ‘queima’ de ‘uma controladora dos servidores’ e que este equipamento queimado tornou indisponíveis todos os sistemas do Órgão. Segundo ainda estas informações tal equipamento estava sem contrato de manutenção e fora de garantia”.

Situação do Lattes é decorrente do desmonte da ciência brasileira

“Acreditamos que tal problema não é conjuntural, isolado e fortuito. Trata-se do resultado do descaso e desmonte que o CNPq vem sendo submetido desde o governo Temer e que se aprofundou agora no governo Bolsonaro. A falta de recursos não tem atingido apenas os orçamentos para financiamento de bolsas e projetos de pesquisa. Ele tem prejudicado enormemente a infraestrutura do CNPq e de seu quadro de pessoal. Os sistemas, por falta de investimentos, atualização e de visão estratégica dos dirigentes, tem se tornado um verdadeiro gargalo para a realização das ações do órgão”, continuou o sindicato em nota publicada em seu site.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) também destacou a ligação com o contexto de desmonte. “O CNPq tem de ter verbas para as atividades fim, que são as mais importantes, mas também para as atividades meio, que garantem o funcionamento do órgão (…). Há preocupação com a presente situação de crise, mas que no fundo é decorrência de escolhas orçamentárias”, avaliou o presidente da entidade,  Renato Janine Ribeiro, ao jornal Folha de São Paulo.

Pior orçamento da ciência em dez anos

A ciência brasileira vem presenciando, nos últimos anos, o seu acentuado sucateamento. Em 2021, o orçamento federal para a área equivale a menos de um terço do do que era investido uma década atrás. Para piorar, metade do valor previsto depende de créditos suplementares.

Nos últimos dias, agravando a situação, o governo já havia anunciado o contingenciamento de R$ 116 milhões do orçamento do CNPq. O bloqueio piora um quadro já desastroso e deve interromper o pagamento das bolsas de pesquisa antes do fim do ano. 

*Crédito da foto em destaque: Rovena Rosa Agência Brasil

(Assessoria de Comunicação da ASPUV)

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