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Seção Sindical dos Docentes da UFV
Gabinete paralelo de pastores controla agenda e recursos do MEC, diz jornal

Um suposto gabinete paralelo, composto por pastores, controla a agenda e até mesmo recursos do Ministério da Educação (MEC). A denúncia é do jornal O Estado de São Paulo, em reportagem publicada na última sexta (18). De acordo com o jornal, o gabinete é liderado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da mesma entidade. Vale lembrar que o próprio ministro Milton Ribeiro também é pastor.

O que faz o gabinete paralelo do MEC?

O jornal apurou que Santos e Moura não possuem ligação com a administração pública nem com o setor educacional, mas têm trânsito livre no ministério, facilitando o acesso de empresários e prefeitos a Ribeiro e participando de reuniões fechadas, nas quais são discutidos assuntos estratégicos do MEC. Os pastores atuam como lobistas e viajam até mesmo em voos da Força Aérea Brasileira (FAB), que deveriam ser destinados exclusivamente a autoridades. Segundo O Estado de São Paulo, nos últimos 15 meses, os líderes desse “gabinete paralelo” estiveram em 22 agendas oficiais da pasta, sendo 19 com o ministro.

O jornal divulgou ainda um vídeo gravado em uma viagem do ministro Milton Ribeiro a Centro Novo do Maranhão (MA), no qual Santos  afirma trabalhar na liberação de verbas para prefeituras. “Estamos fazendo um governo itinerante, principalmente através da Secretaria de Educação, levando aos municípios os recursos, o que o MEC tem para os municípios”, disse no vídeo disponível aqui. “Nós solicitamos essa reunião com o ministro Milton Ribeiro para trazer a ele, ao conhecimento dele, vários prefeitos de diferentes municípios do nosso Brasil, que trabalham também com a igreja. Muitos deles são também obreiros da nossa igreja”, complementou o pastor.

Segundo a reportagem, o gabinete paralelo trabalha na intermediação principalmente entre o MEC e prefeitos do PL, Republicanos e Progressistas, partidos que integram o chamado Centrão.

Centrão comanda recursos do FNDE

O jornal ainda revelou que lideranças do três partidos comandam o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e dão as cartas sobre a liberação dos recursos.  De acordo com a publicação, o fundo virou “feudo do Progressistas” e passou a concentrar a destinação dos recursos aos redutos de dois dos seus principais nomes: o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PI).

O FNDE é o maior fundo sob gestão do MEC e é controlado por Marcelo Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro no Senado. Ponte inclusive articula reuniões com os dois pastores acusados de chefiarem o gabinete paralelo do MEC e passa por cima de acordos previamente estabelecidos para a distribuição do chamado “orçamento secreto”. 

Em dezembro, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) desbloqueou o uso do orçamento secreto, Alagoas e Piauí, redutos de Lira e Ciro respectivamente, apareceram na primeira e quarta colocações entre os estados na distribuição dessas verbas geridas pelo FNDE.

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(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações de O Estado de São Paulo e Congresso em Foco)

 

 

 

 

 

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