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Seção Sindical dos Docentes da UFV
Com corte de verbas e pandemia, procedimentos ambulatoriais do SUS caem até 26%

O corte de verbas para o SUS já leva à queda no número de atendimentos. Uma reportagem, publicada esta semana pelo colunista Carlos Madeiro do portal UOL, mostrou que o número médio de procedimentos ambulatoriais por habitante caiu 12% entre 2015 e 2019. O percentual chega a 26% quando se compara a quantidade em 2015 e em 2020 e 2021.  

Os dados foram obtidos  a partir do Sistema de Informação Ambulatorial, o SIA-SUS, do Ministério da Saúde. A queda coincide com a acentuação dos cortes orçamentários na área, principalmente a partir de 2016, quando foi promulgada a Emenda Constitucional nº 95, conhecida como Teto de Gastos.  Naquele ano, também cresceu o número de pessoas que passaram a depender exclusivamente do SUS para tratamentos, já que 1,4 milhão de brasileiros deixaram de ter plano de saúde, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Fonte: UOL a partir de dados do SUS e IBGE

Os dados mostram ainda uma acentuação da queda em 2020. Os especialistas ouvidos pela reportagem, no entanto, alertam que esses dados devem ser analisados considerando-se o contexto de pandemia, que ocasionou o adiamento ou a suspensão de procedimentos para atender à demanda da covid-19.

“O recurso tem de crescer na medida em que cresce a demanda da saúde. As pessoas não estão tendo menos problemas de saúde. Com menos recursos, o SUS acaba cortando (procedimentos) e as pessoas que precisam acabam ficando sem atendimento ou esperando mais”, afirmou a presidente da Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABRES) e professora da UFBA, Erika Aragão, à reportagem.

Fonte: SIA-SUS *Valores corrigidos pelo IPCA até 12/2021 Reprodução: UOL

SUS perdeu R$ 37 bilhões com Teto de Gastos

“O número vem caindo porque o SUS está sendo desfinanciado e outras políticas de austeridade, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, impedem a ampliação dos serviços”, complementa Aragão, lembrando que a rede pública é estruturada e seria capaz de ampliar os atendimentos.  A pesquisadora, junto a um grupo de economistas, realizou um estudo que mostra o impacto do Teto de Gastos no financiamento da saúde pública. Desde 2018, o SUS deixou de receber cerca R$ 37 bilhões, sem considerar os recursos da covid-19, em valor aprovado e executado.

Esses desfinanciamento afeta sobretudo atendimentos de média complexidade, afirmou o professor da UFRGS, Alcides Miranda.  Paralelamente, houve um aumento no “agenciamento empresarial”. “Uma diminuição proporcional da rede SUS, própria e complementar, às custas do incremento da rede não SUS, principalmente na média complexidade ambulatorial”, disse à reportagem. Esse cenário potencializa ainda desigualdades regionais com a concentração de serviços em regiões com maior IDH. 

“Um exemplo: a disponibilidade de mamógrafos SUS tem gradualmente se concentrado em regiões com melhores IDHs [índice de desenvolvimento humano] e diminuído em regiões com os piores. A análise tendencial de curto prazo dificulta evidenciar isso, mas no médio e longo prazo é possível evidenciar tais modificações”, afirmou o professor.

Confira também:

– Rádio ASPUV #38 SUS

– Planos de saúde devem R$ 2,9 bi ao SUS: valor compraria 58 milhões de vacina

(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações do portal UOL)

 

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