Chacina de Unaí completa 20 anos enquanto número de resgatados em trabalho escravo é recorde
O episódio conhecido como Chacina de Unaí completou 20 anos nesse domingo (28). O crime, que levou à morte dos auditores fiscais do trabalho, Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e do motorista Aílton Pereira de Oliveira, ocorreu durante a apuração de denúncias de trabalho análogo à escravidão na região rural de Unaí (MG).
Passadas duas décadas do massacre, dois dos condenados permanecem foragidos: Norberto Mânica, mandante da chacina, e Hugo Alves Pimenta, responsável por contratar os pistoleiros. O irmão de Norberto e também mandante, Antério Mânica (que já foi prefeito de Unaí), foi preso apenas em setembro de 2023 ao se entregar à Polícia Federal após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar a execução provisória das penas. Outro condenado, José Alberto de Castro, acusado de planejar a emboscada, foi preso no mesmo mês. Já os matadores foram condenados em 2013.
Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e Dia do Auditor Fiscal
A Chacina de Unaí ganhou repercussão nacional e internacional. Em homenagem às vítimas, 28 de janeiro foi instituído como Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e Dia do/a Auditor/a Fiscal do Trabalho.
Depois do caso, as fiscalizações de trabalho escravo passaram a ser acompanhadas por policiais e autoridades. Mas, segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), ainda há desafios para garantir a segurança dos servidores. Depois de anos de luta por um mecanismo de proteção, em em junho de 2021 o Ministério do Trabalho criou um Protocolo de Segurança para a Inspeção do Trabalho, mas que não foi implementado até hoje.
Trabalho análogo à escravidão bate recorde em 2023
O trabalho análogo à escravidão ou o trabalho escravo contemporâneo ainda é uma realidade no país. Em 2023, 3.190 pessoas foram resgatadas em situações do tipo. Foi o maior número de registros dos últimos 14 anos.
A região Sudeste foi a que concentrou o maior número de trabalhadores resgatados (1.153), seguido pela Centro-Oeste (820). Minas Gerais foi o segundo estado com mais resgastes (651), atrás apenas de Goiás (739). O cultivo de café foi o setor com a maior quantidade de trabalhadores encontrados: 302. Na sequência, aparece a produção de cana-de-açúcar, que liderava os dados até junho passado, com 258.
As denúncias de trabalho análogo à escravidão podem ser feitas de forma remota e sigilosa pelo Sistema Ipê. Para acessar, clique aqui.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações do Sinait, Agência Brasil e ANDES-SN)