Andes-SN debate impacto da reforma da Previdência sobre as mulheres em audiência na Câmara
Os impactos da reforma da Previdência, especialmente sobre as trabalhadoras, foram tema de uma audiência pública realizada pela Subcomissão de Seguridade Social da Mulher da Câmara dos Deputados. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) foi um dos participantes da atividade, ocorrida na noite da última quarta-feira (22).
“A proteção social, na medida em que deixa de existir, como hoje se prevê na reforma da Previdência, vai ter impacto muito mais nocivo e malicioso para a vida das mulheres. As mulheres trabalhadoras domésticas, as mulheres negras, as mulheres mais pobres, as mulheres trans…”, destacou a primeira tesoureira do sindicato, Raquel Dias de Araújo, durante a audiência.
O debate foi organizado por Fernanda Melchionna (PSOL-RS), presidente da subcomissão, e por Fábio Félix, deputado distrital do PSOL. Também participaram o Movimento de Mulheres Camponesas do Distrito Federal e Entorno, a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) e a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad).
Intervenção do ANDES-SN
A dirigente do Andes-SN iniciou sua fala situando a intervenção do Estado nas políticas de Seguridade Social. “O Seguro Social aparece no final do século XIX, mas as mulheres sempre estiveram à margem, mesmo durante o século XX. As mulheres eram consideradas dependentes da proteção social do marido (…). As políticas sociais foram sendo elaboradas, ao longo da história, baseadas em um modelo de família. O modelo de família aceito pelo Estado para elaborar essas políticas é o modelo burguês, no qual o homem é chefe da família e a mulher é a dona da casa e depende dele. Ao tomar como referência o modelo de família patriarcal, heterossexual e bi parental, alija da proteção social uma enorme de quantidade de pessoas, em especial as mulheres”, disse.
Raquel lembrou ainda que foram atribuídos às mulheres os trabalhos mais precarizados vulneráveis, em especial a partir das mudanças neoliberais nos anos 80 e 90. “As mulheres ingressam no mercado de trabalho em condições subalternas”, disse.
Avaliação
Segundo a tesoureira, o convite para participar do debate demonstra a importância do Andes-SN em suas lutas contra a reforma e também na defesa dos direitos das mulheres. Raquel chamou a atenção ainda para os diferentes segmentos representados na audiência: “um aspecto positivo foi a composição da mesa. Havia mulheres que trataram dos segmentos específicos, como, por exemplo, as trabalhadoras domésticas. Elas são as mais desprotegidas pela Seguridade Social. 60% das trabalhadoras domésticas não têm carteira assinada, ainda que haja legislação específica para isso”, avaliou a docente, citando a grande presença de movimentos sociais na audiência. “Foi um debate muito rico e diversificado”.
Leia aqui todas as matérias publicadas pela ASPUV sobre o projeto de reforma da Previdência.
(Assessoria de Comunicação do Andes-SN com edições da ASPUV)