Aspuv

Seção Sindical dos Docentes da UFV
Universidades públicas são alvos de mensagens de ódio

Poucos dias após o massacre na escola Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), comunidades acadêmicas de três universidades públicas brasileiras foram alvos de ameaças e mensagens de ódio.

Em 20 de março, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgou uma nota informando que recebeu “mensagens em tom ameaçador”. Anônimo, o agressor supostamente é um aluno reprovado no sistema de cotas da universidade. Em e-mails, ele afirmou que iria atirar em pessoas que fazem parte da comissão ligadas à comunidade acadêmica. No comunicado, a UFMG informou que identificou o IP da conexão – endereço de Protocolo da Internet – de onde mensagens foram enviadas e repassou à Polícia Federal. Afirmou ainda que a rotina na universidade não havia sido alterada.

No mesmo dia, a Universidade Federal Rio Grande do Sul (UFRGS) denunciou ter recebido ameaças de atentado no campus do Vale.  Elas diziam que o ataque seria “semelhante ao ocorrido em Suzano, SP”, citou a nota publicada pela instituição. A universidade acionou o setor de segurança da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), das polícias Federal e Civil e da Brigada Militar. Além disso, reforçou sua segurança interna.

No dia seguinte, no Paraná, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) confirmou a veracidade de uma carta encontrada em um dos banheiros do campus Uvaranas. Nela, o agressor ameaça cometer “a maior execução de alunos já vista em todo o mundo”. A universidade afirmou que solicitou o reforço da vigilância interna e acionou os órgãos de segurança externos. “A Polícia Civil enviou dois investigadores que estão trabalhando no caso. As câmeras de segurança estão sendo analisadas para confirmar o fato e identificar a autoria. Há carros da polícia e agentes de segurança interna fazendo vistorias no Campus neste momento”, disse. 

Já esta semana, a comunidade da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), na Bahia, sofreu as ameaças. Em grupos de WhatsApp, circularam informações que sinalizavam ataques a tiros, cujo principal alvo seria o restaurante universitário.

Ameaças anteriores

Ano passado, no período das eleições, as universidades Federal (UFPE) e Estadual de Pernambuco (UPE) também sofreram ataques. Na UFPE, foi divulgada uma carta “contra os doutrinadores esquerdistas”. Segundo o texto, eles seriam banidos da universidade em 2019. No documento, o agressor listou nominalmente mais de 15 professores, em sua maioria do curso de Sociologia. Na UPE de Nazaré da Mata ocorreu o mesmo. O texto afirma que o espaço Paulo Freire passaria a se chamar espaço Coronel Ustra, em referência ao primeiro militar a ser reconhecido pela justiça como torturador.

Violência em ambiente universitário

A violência no ambiente universitário brasileiro alerta até mesmo a comunidade internacional. Uma reportagem da Agência Pública aponta que há oito meses, a organização Scholars at Risk (Acadêmicos em Risco, em português) tem sido procurada por professores do nosso país que se sentem inseguros. Sediada nos Estados Unidos, a organização é uma rede de instituições de ensino superior que promove a liberdade acadêmica. Ela ajuda pesquisadores e professores ameaçados de morte a sair de seus países por um tempo. Até o ano passado, apenas um brasileiro tinha contatado a organização. Agora, já são 18.

Leia também:

ASPUV orienta sindicalizados em caso de perseguição e ameaça

 (Assessoria de Comunicação do Andes-SN com edições da ASPUV)

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.