Universidades federais pernambucanas recebem ameaça de atentado armado
Nos últimos dias, as comunidades universitária de duas federais do estado de Pernambuco receberam ameaças de ataques armados nas instituições.
A primeira foi a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em conversas travadas na Deep Web (ambiente da Internet de difícil rastreamento e não acessível pelos mecanismo de busca tradicionais) e que, posteriormente, viralizaram nas redes sociais, um usuário de codinome Santvs disse que portava um fuzil AR-15 no campus. Falou ainda que não chegou a concretizar o ataque, pois avistou um policial, decidindo, dessa forma, adiá-lo para o segundo semestre. Nas conversas, o usuário afirma que a universidade havia se tornado um antro de militantes e desfere uma série de insultos contra professores e estudantes.
Em nota, a reitoria da UFPE afirmou que todas as providências estão sendo tomadas em relação a um possível ataque armado ao campus e que a Polícia Federal e a Secretária de Defesa Social já estão monitorando o caso.
O professor da universidade e membro da Regional Nordeste II do Sindicato dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Ricardo Saldanha, avalia que o episódio faz parte de uma “escalada de violência”. Afirma também que a instituição tem recebido sucessivas ameaças por carta: “ainda não percebemos indícios da ação de grupos organizados, mas de indivíduos que se sentem legitimados. As ameaças recentes remetem a algo mais subterrâneo”.
UFRPE
Pouco após o vazamento das ameaças à UFPE, a comunidade da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) vivenciou situação parecida. Reproduções de conversas também da Deep Web citavam um possível ataque armado no campus, em locais como o prédio do Centro de Ensino de Graduação.
A instituição informou que está trabalhando com os órgãos da segurança pública na investigação do caso. O material coletado já foi encaminhado às autoridades policiais. Disse ainda que ações integradas entre a Divisão de Segurança Universitária (DSU), Polícia Federal e Polícia Militar estão sendo realizadas em caráter preventivo.
Casos anteriores
Pelo menos outras seis universidades públicas foram alvo de ameaças este ano.
Em 20 de março, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgou uma nota informando que recebeu “mensagens em tom ameaçador”. Anônimo, o agressor supostamente é um aluno reprovado no sistema de cotas da universidade. Em e-mails, ele afirmou que iria atirar em pessoas que fazem parte da comissão ligadas à comunidade acadêmica.
No mesmo dia, a Universidade Federal Rio Grande do Sul (UFRGS) denunciou ter recebido ameaças de atentado no campus do Vale. As mensagem diziam que seria realizado um ataque “semelhante ao ocorrido em Suzano, SP” (em referência ao massacre na Escola Estadual Raul Brasil).
Um dia depois, no Paraná, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) confirmou a veracidade de uma carta encontrada em um dos banheiros do campus Uvaranas. Nela, o agressor ameaça cometer “a maior execução de alunos já vista em todo o mundo”.
Na semana seguinte, a comunidade da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), na Bahia, também foi vítima. Em grupos de WhatsApp, circularam informações que sinalizavam ataques a tiros, cujo principal alvo seria o restaurante universitário.
Ainda em março, no dia 29, a Polícia Federal foi acionada após a entrega de um pacote suspeito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). De acordo notícias divulgadas em veículos locais, um homem chegou a um prédio da instituição com um pacote fechado e o jogou no departamento. O agressor disse ainda “isso aqui é para vocês”. Em seguida, fugiu. Os vigilantes da universidade acionaram a Polícia Federal, que pediu apoio do esquadrão especializado em bombas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da PM. Com o auxílio de um robô do Bope, o pacote foi removido para um local seguro onde foi detonado. Não havia material explosivo na caixa.
Já em 01º de abril, a Universidade Federal de Goiás (UFG) recebeu um e-mail indicando um atentado na instituição. Na mensagem, o autor relacionava as ameaças à interferência de estudantes em uma manifestação pró-regime militar, realizada no dia anterior. As ameaças foram direcionadas aos prédios da Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia e Faculdade de Jornalismo.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações da UFRPE e Andes-SN)