Trabalhadores da Cemig estão em greve e lutam contra a privatização da empresa
Trabalhadores da Cemig estão em greve desde o último dia 29. A categoria reivindica o cumprimento de direitos trabalhistas e luta contra a privatização da empresa.
Segundo o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG), os eletricitários estão em campanha salarial para a renovação Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e cruzaram os braços por tempo indeterminado, porque o governo estadual travou as negociações. No total, a pauta de reivindicações engloba 34 itens como o reajuste salarial de acordo com a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a manutenção de conquistas anteriores da categoria.
Irregularidades na Cemig e luta contra a privatização
Os eletricitários mineiros denunciam que, enquanto lutam pela garantia de direitos, a empresa concede benesses à alta cúpula, como um contrato para fornecimento de refeições aos diretores no valor anual de R$ 1,2 milhão.
Acusam também o governo estadual de implantar ações que antecipam um processo de privatização da Cemig. A atual gestão da companhia energética é, inclusive, alvo de uma CPI da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para apurar uma série de supostas irregularidades. Entre as acusações, está a de que o governo teria adotado ações para desinvestimento e descrédito da empresa, justamente para torná-la mais “privatizável”.
Uma dessas denúncias recai sobre supostas vendas fraudulentas de ativos na época em que a Cemig era a maior acionista da Light, empresa privada também do ramo energético. Nessa linha, os deputados consideram suspeita a venda da participação da Light na Renova Energia por R$ 1 em outubro de 2019. Em janeiro de 2021, a Cemig também negociou o restante de sua participação na Light, ainda em condições suspeitas, por R$ 1,37 bilhão, valor pouco superior a um contrato celebrado no mesmo mês com a IBM Brasil, sem licitação e pelo prazo inédito de dez anos, para reformular seus canais de atendimento ao cliente. Na sequência, a IBM Brasil subcontratou a empresa de call center AeC, fundada por Cássio Azevedo (já falecido), ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do governo de Romeu Zema, mesmo após ela não ser selecionada em licitação para o mesmo fim ainda no início do ano anterior.
“O governo Zema promove um desmonte generalizado da Cemig. Fecha bases operacionais, desativa usinas termelétricas, desestrutura os processos de trabalho, nomeia seus indicados políticos para cargos nunca antes ocupados por pessoas que não fossem concursadas. Os indicados são pessoas que não gostam dos serviços públicos, são contra o funcionalismo e fortalecem a privatização por dentro da empresa”, disse o secretário-geral do Sindieletro-MG, Jefferson Silva, ao jornal Brasil de Fato.
Mobilizações
Desde o início da greve, os trabalhadores realizaram várias ações para denunciar a gestão da empresa e explicar a pauta de reivindicações com o lema “Cemig, esse trem é nosso”. Durante quatro dias, eletricitários e movimentos sociais ocuparam a porta da empresa cobrando a redução das tarifas cpraticadas. Também foram realizadas duas caminhadas em Belo Horizonte.
Na capital e também em cidades do interior, ocorrem atos, panfletagens, debates e reuniões nas portarias da Cemig.
Crédito da foto: Luiz Rocha
(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações do Sindieletro-MG, Brasil de Fato e ALMG)