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Seção Sindical dos Docentes da UFV
Propagação de notícias falsas é grande desafio em meio à pandemia

A pandemia do Covid-19 (coronavírus) acentuou um outro grave problema: a difusão das notícias falsas, chamadas de fake news. Um debate que já havia ganhado notoriedade desde as eleições de 2018.

Não existe um monitoramento global que sistematize as informações falsas. Mas dois levantamentos recentes ajudam a refletir sobre o fenômeno. As pesquisas em questão, uma do Datafolha e outra do instituto internacional Edelman, mostraram um aumento da confiança da população nos veículos tradicionais de comunicação neste momento de explosão da doença. A avaliação é que, desta vez, a divulgação das notícias falsas coloca diretamente em xeque a saúde das pessoas, o que leva a uma maior desconfiança.

“Se para muita gente (…), o compartilhamento de notícias falsas ou manipuladas, de conteúdos claramente desinformativos, poderia não gerar um dano concreto, agora, na epidemia do Covid-19, pode significar colocar vidas em riscos de uma maneira muito imediata e em um curto prazo. Eu acho que isso dialoga um pouco com o retorno da credibilidade no jornalismo tradicional, aqui no Brasil pelo menos, em torno desse processo”, analisa a jornalista e integrante do coletivo Intervozes, Bia Barbosa.

Fake News e desinformação

Além da propagação de noticias genuinamente falsas, também é preciso estar atento ao que se chama de “desinformação”, que inclui não só as informações mentirosas, como outras formas de manipulação de dados. Enquanto a primeira é mais facilmente identificável, a segunda é mais sútil, uma vez que pode se valer de dados concretos, cuja publicação é distorcida ou descontextualizada.

“Eu também posso pegar, por exemplo, todos os dados do Ministério da Saúde, que são corretos e manipulá-los e apresentá-los de uma maneira diferente, como o próprio presidente da República tentou fazer com as declarações do diretor da OMS (Organização Mundial da Saúde) na semana passada”, explica Barbosa.

Outro exemplo é o vídeo, também divulgado por uma conta do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, que retrata um suposto desabastecimento do Ceasa de Minas Gerias. A informação foi desmentida por vários veículos de comunicação que explicitaram a manipulação da filmagem, fazendo um enquadramento que levava a uma compreensão incorreta do cenário. “É difícil, às vezes, perceber essas nuances. Então, temos que estar muito mais alertas, porque as práticas de desinformação são mais complexas do que simplesmente as de produção de uma notícia diretamente falsa”, acrescenta a jornalista.

Mais recentemente, Bolsonaro voltou a defender o uso da substância cloroquina no tratamento dos pacientes desde a fase inicial da doença. A afirmação é tida como imprudente, uma vez que, por mais que a substância tenha apresentado efeitos positivos, ainda necessita estudos conclusivos antes de sua massiva aplicação. Da mesma forma, não substitui o isolamento social como método, até então, mais eficiente para conter a propagação do vírus.

Como saber se uma notícia é falsa?

Em meio ao emaranhado de notícias, que brotam nesta pandemia, a ASPUV sugere buscar informações diretamente nos canais oficiais dos órgãos públicos e de saúde. A Prefeitura de Viçosa, por exemplo, tem atualizado diariamente a situação no município em seu site e perfis nas redes sociais. Outra opção são os veículos tradicionais de comunicação, que apesar de críticas que podem ser feitas, valem-se de dados oficiais sobre a doença.

Apresentamos algumas dicas, que ajudam a identificar se uma notícia recebida é falsa:

  • Afirmam não ser notícia falsa.
  • Possui título bombástico e tom alarmista, valendo-se de palavras como “cuidado” e atenção”.
  • Omite local, data ou até mesmo fonte (principalmente no caso do Whatsapp).
  • Não traz evidências nem embasamento.
  • Coloca-se como único a revelar uma informação escondida pelos demais veículos.
  • Pede para ser repassado a um grande número de pessoas e alega consequências trágicas caso a tarefa não seja realizada.
  • Utiliza URL ou até mesmo design gráfico semelhante a veículos conhecidos.

Na dúvida se são verdadeiras ou não, não compartilhe as notícias recebidas, que podem gerar mais pânico neste momento já extremamente delicado.

A informação é uma arma fundamental no combate ao coronavírus, da mesma forma que a sua manipulação é um enorme desserviço a toda comunidade.

Confira também:

Rádio ASPUV #31: Políticas de Comunicação no Brasil

(Assessoria de Comunicação da ASPUV com base em texto do Andes-SN)

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