Por que revogar o Novo Ensino Médio?
Por que revogar o Novo Ensino Médio (NEM)? Essa foi a pergunta, que norteou uma live realizada pela ASPUV na última semana. Durante o debate, os convidados trouxeram argumentos para responder a questão, apontando que a reforma, que implantou o NEM, foi feita de cima para baixo, não levou em conta as desigualdades brasileiras e tem um caráter privatista e elitista.
“Ele (NEM) ignora plenamente as especificidades das realidades regionais, das questões sociais, das fragilidades estruturais da nossa sociedade e dos sistemas escolares. Ignora como essas questões se abatem contra as diversas modalidades de ensino e como isso obviamente tem uma reverberação naquilo que a gente deveria pensar como questões fundamentais para a educação básica, que são o acesso à plena cidadania e também o acessoao mundo do trabalho”, destacou o professor de história do Coluni, Luiz Gustavo Santos Cota, um dos debatedores.
O professor também de história da Escola Estadual Effie Rolfs, da Escola Estadual José Lourenço de Freitas e diretor do Sind-UTE, Paulo Grossi, lembrou que a reforma veio na esteira de outras, como a trabalhista. Antes de ser promulgada, estava em discussão um novo modelo de ensino médio, mas totalmente diferente do que foi implantado. “A gente construiu uma perspectiva na época, muito mais de construir uma reforma que viesse no bojo de uma discussão mais ampla como, por exemplo, o Sistema Nacional de Ensino. Um país de dimensões continentais como o Brasil precisa ter um sistema nacional de ensino estruturado para poder, como uma árvore, articular os vários galhos, que são as redes estaduais, as redes municipais, a rede federal, e dar um sentido todo, com uma estrutura disciplinada”.
O coordenador do ensino médio da Cedaf, Silvio Ramiro, completou as falas lembrando que o próprio ensino médio como política pública universal é recente no Brasil, remete à Constituição Federal de 1988: “A gente vinha aprendendo a fazer um ensino médio (…). Para usar aqui um conceito da professora Ana Elisa Ribeiro do CEFET. Ela vai usando umas metáforas para dizer que a gente vai trocando o pneu à medida que o carro vai andando, a gente sempre vai sempre fazendo gambiarras. Tudo que se implanta nas escolas brasileiras é sempre de cima para baixo, é sempre às pressas, é sempre de modo precário. Aí ela usa, por ser professora da área de letras, etimologicamente a ideia de precário, que vem de prece. Que é aquilo que a gente não sabe como fazer, então reza, apela às preces, ora para que dê certo”.
A live foi mediada pela professora de sociologia do Coluni e diretora da ASPUV, Alessandra Mendes Tostes, e pode ser vista na íntegra abaixo:
(Assessoria de Comunicação da ASPUV)