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Seção Sindical dos Docentes da UFV
PF abre inquérito contra docente da UFSC por críticas à operação, que levou a suicídio de reitor

A Polícia Federal abriu um inquérito contra um docente da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A investigação é por suspeita de calúnia, difamação e ataque à honra da delegada Érika Marena, responsável pela investigação, que levou à prisão do ex-reitor da instituição, Luíz Carlos Cancellier de Olivo, no ano passado, como parte da operação Ouvidos Moucos. Poucos dias depois, Cancellier cometeu o suicídio.



Segundo o jornal Folha de São Paulo, a PF usou um material em vídeo, feito por alunos, para abrir a investigação contra Áureo Mafra de Moraes, chefe de gabinete da reitoria e ex-chefe de gabinete de Cancellier. Nas imagens, o professor aparece em frente a uma faixa com imagens da delegada Erika Maren, da juíza federal Janaína Cassol Machado e do procurador da República, André Stefani Bertuol. A reportagem era sobre o aniversário de 57 anos da instituição e a inauguração do quadro de Cancellier na galeria de ex-reitores da instituição.



Em uma das falas, Moraes explica que a colocação do quadro foi uma homenagem a uma pessoa que morreu de forma “tão trágica e abrupta” e que Cancellier “tinha um compromisso gigantesco com essa instituição”.  O atual reitor Ubaldo Cesar Balthazar, empossado na última sexta-feira (27), também aparece no vídeo e afirma que a placa “é um presente para a universidade”. Para ele, o ex-reitor marcou profundamente a história da UFSC e a comunidade acadêmica jamais esquecerá o que ocorreu em 2017.



“Paulatinamente vêm ocorrendo denúncias e processos internos e externos contra a liberdade de expressão e de ideias presentes dentro da universidade. A USFC vem sofrendo um cerceamento, principalmente, pelo Ministério Público, da Polícia Federal e do Tribunal Regional da 4º Região”, avaliou a presidente da Seção Sindical do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior na UFSC (Andesufsc), Adriana D’Agostini.



D’Agostini lembrou ainda que esse não é o primeiro caso do tipo na instituição. Em 2014, A PF, com auxílio da Polícia Militar, alegando combate ao tráfico de drogas, invadiu o campus usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, ferindo diversos estudantes, técnicos e professores. Segundo relatou a professora, esse processo prescreveu, mas a Polícia Federal o resgatou e fez um levantamento das acusações que pesavam sobre quatro professores e ofereceu ao Ministério Pública a denúncia. Dessa forma, esse novo processo agora está em andamento.



Operação Ouvido Moucos

Em setembro do ano passado, a operação Ouvidos Moucos conduziu sete pessoas à prisão, a pedido da delegada Erika Marena. Ela suspeitava de desvio de verbas da Educação à Distância da UFSC, irregularidade que teria começado em 2008. Entre os presos, estava o ex-reitor da instituição. Pouco depois, no dia 02 de outubro, Cancellier cometeu suicídio, aos 59 anos, em um shopping de Florianópolis. Um bilhete em seu bolso registrava: “Minha morte foi decretada no dia da minha prisão”. Meses depois, o relatório final da operação não citou nenhum indício de que o ex-reitor teria se beneficiado financeiramente com o suposto esquema.



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Crédito da foto em destaque: Entrada Trindade da UFSC – Foto Henrique Almeida

(Assessoria de Comunicação da Aspuv com base na Assessoria de Comunicação do Andes)

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