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Seção Sindical dos Docentes da UFV
Petrobras e Banco do Brasil entram na lista de privatizações

Petrobras e Banco do Brasil podem entrar na lista de estatais a serem privatizadas nos próximos anos. É o que defendeu o ministro da economia, Paulo Guedes, em um evento nessa segunda-feira (27). “Um plano para os próximos dez anos é continuar com as privatizações. Petrobras, Banco do Brasil, todo mundo entrando na fila, sendo vendido e sendo transformado em dividendos sociais”, disse.

As privatizações estão entre as principais bandeiras da equipe econômica de Guedes. Recentemente, foi aprovada a venda da Eletrobras e a dos Correios segue em análise no Senado. Ambas impactam diretamente a soberania nacional e o dia a dia da população brasileira, que sofrerá com preços ainda mais altos e a possibilidade de ficar sem cobertura nos serviços.

Privatização eleva preço dos combustíveis 

Uma possível venda da Petrobras tende a encarecer ainda mais os combustíveis e retira a possibilidade de o governo intervir no cenário, adotando uma política de preços que seja favorável à população brasileira. O cenário atual, de preços elevados, é reflexo, em parte, do sucessivo desmonte da empresa e privatização de parte dos seus setores.

Vamos aos números. Desde setembro de 1994, o Brasil não acumulava, em 12 meses, uma inflação tão alta como agora. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), uma prévia da inflação oficial, atingiu 10,05% nesse acumulado. A elevação de preços é geral, mas foram os combustíveis o item que mais pressionou a alta.

Um levantamento feito pela subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/FUP) traz os números: no ano, a gasolina acumula alta de 33,37% e de 39,05% nos últimos 12 meses; o gás de cozinha 26,83% e 32,93%, respectivamente; já o óleo diesel subiu 30,03% desde janeiro, alcançando reajuste de 34,55% desde setembro de 2020.

Os dados assustadores são reflexo da política de gestão Petrobras. Desde outubro de 2016, a direção da estatal adota o chamado Preço de Paridade de Importação (PPI). Ou seja, os derivados produzidos nas refinarias brasileiras, com petróleo nacional, aumentam toda vez que o preço do barril sobe no exterior. Também sofrem a influência da cotação do dólar e dos custos de importação, mesmo o Brasil sendo autossuficiente na produção de petróleo.

Segundo o Dieese/FUP, entre abril de 2016 e setembro de 2021, a produção nacional de petróleo cresceu 33% e o custo de extração pela Petrobrás caiu 39,3%, devido, principalmente, às tecnologias desenvolvidas pela empresa e ao pré-sal.  Nesse mesmo período, também houve queda de 28,2% dos custos de refino. Mas a estratégia adotada pela empresa foi a de reduzir a operação das refinarias (hoje, abaixo de 75% da sua capacidade), aumentar as exportações de petróleo bruto e colocar à venda metade do parque de refino, a BR Distribuidora, a Liquigás e praticamente todo o setor de logística. Em resumo, apesar da queda nos custos de produção, o preço que chega ao consumidor aumentou.

“Tínhamos e ainda temos todas as condições de garantir o abastecimento nacional, com preços de combustíveis justos para a população, que levem em conta os custos nacionais de produção e de refino. (Essa política de reajustes) beneficia única e exclusivamente os acionistas privados, que detêm 63,25% do capital total da empresa, dos quais 42,18% são estrangeiros. O lucro recorde de R$ 42,8 bilhões no segundo trimestre de 2021 foi essencialmente construído às custas das privatizações e dos preços abusivos dos combustíveis”, explica o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.

Leia também:

– Por que ser contra a privatização dos Correios?

– Conta de luz mais cara e desemprego: os impactos da privatização da Eletrobras

(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações da FUP e do G1)

 

 

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