Número de bolsas do CNPq cai 17,5% e da CAPES, 16,2% na gestão Bolsonaro
*Crédito da foto em destaque: Rovena Rosa – Agência Brasil
O total de bolsas de pesquisa, concedidas pelos dois maiores órgãos de fomento à ciência do Brasil, caiu durante a gestão de Jair Bolsonaro. No Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a queda média foi de 17,5%. Já na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), 16,2%. Os números foram obtidos pelo portal UOL, via de Lei de Acesso à Informação.
“A redução nas bolsas é uma política deste governo, que não entende a importância que é a educação e a ciência”, destacou a presidente da Academia Brasileira de Ciência, Helena Nader, à reportagem.
Queda de bolsas no CNPq
Em 2011, o CNPq concedeu 73.312 bolsas, alcançando investimento de R$1,4 bilhão. Em 2014, o total de pesquisadores beneficiados atingiu o ápice: 105.026 e R$ 2,4 bilhões empenhados para o pagamento. Em 2015, foi registrada queda no número de bolsistas e no orçamento investido, acentuando-se a partir de 2016.
No que se refere à média anual de bolsistas do CNPq, houve uma redução de 17,5% na comparação com os quatro anos anteriores. Enquanto no governo Dilma Rousseff e, posteriormente, Michel Temer, foram 88,9 mil bolsas anuais em média, no de Bolsonaro, foram 73,3 mil.
Já em relação aos investimentos para o pagamento das bolsas, o total destinado, em 2021, foi o menor desde 2011, quando corrigido pela inflação.
Queda de bolsas na CAPES
Na CAPES, o cenário traz semelhanças. Também houve queda tanto no número de bolsistas quanto no total de investimentos. Em 2011, foram cerca de 190 mil pesquisadores beneficiados, número que subiu progressivamente até 2014. A partir daí, oscilou até atingir o menor patamar dos últimos anos em 2021.
Considerando a média anual, o número passou de 405.792 na gestão Dilma/Temer para 339.936 no governo Bolsonaro, ou seja, redução de 16,2%.
Em relação aos investimentos para arcar com as bolsas, 2021 registra o pior índice desde 2011, considerando-se a inflação.
Desmonte da ciência brasileira
Os números divulgados pelo UOL escancaram uma das faces do desmonte da ciência brasileira. No segundo semestre do ano passado, as bolsas de programas de formação docente ficaram atrasadas por cerca de três meses. Foram afetados os programas de Residência Pedagógica (RP), o Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e o Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor). Pouco depois, a CAPES voltou ao noticiário com a exoneração em massa de pesquisadores, insatisfeitos com a direção do órgão. Tratam-se de cientistas que atuavam junto à a Avaliação Quadrienal da pós-graduação, que estava suspensa.
O CNPq também já sofre com o sucateamento há alguns anos. Os recursos minguados não possibilitam o pagamento de todas as bolsas aprovadas em edital. Outro reflexo do desmonte se deu sobre a plataforma Lattes, maior banco de currículos e dados sobre os pesquisadores brasileiros, que ficou fora do ar por 12 dias, em julho.
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(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações do UOL)