Novo ministro da educação tem histórico de declarações absurdas
Ligado à rede privada de ensino e com um histórico de declarações fundamentalistas, Milton Ribeiro é o novo ministro da educação. O quarto anunciado para a vaga desde o início do atual Governo.
Feminicídio, ataque ao ECA e universidades “incentivando sexo”
Longe de ser conservadoras ou polêmicas, as falas do pastor evangélico alçado a ministro são, antes, inacreditáveis. No Youtube, pode-se assistir a uma entrevista concedida em 2013 a um programa chamado Ação e Reação, em que o pastor ‘explicou’ o feminicídio de uma adolescente de 17 anos por um homem de 33 anos com as seguintes palavras: “nesse caso específico, acho que esse homem foi acometido de uma loucura mesmo. E confundiu paixão com amor. São coisas totalmente diferentes. E ele, naturalmente movido por paixão… Paixão é louca mesmo. Ele então entrou, cometeu esse ato louco, marcando a vida dele, marcando a vida de toda a família. Triste”. Ribeiro ainda justificou o assassinato culpabilizando a jovem vítima e apontando um programa de TV que, segundo ele, promove a “erotização precoce” de crianças, o que teria levado a menina de 17 anos a possivelmente ter “dado sinais de que estava apaixonada” pelo seu assassino.
Em um vídeo chamado de A Vara da Disciplina, disponível na internet, o agora ministro defende que crianças devem ser severamente castigadas, pois “a correção é necessária para a cura”. Diz ainda: “deve haver rigor, desculpe. Severidade. E vou dar um passo a mais, talvez algumas mães fiquem com raiva de mim. Deve sentir dor”, afirma ele durante uma pregação religiosa. “Mas cuidado. Não te excedas a ponto de matá-lo”, conclui, ignorando o Artigo 136 do Código Penal (a prática de maus-tratos é passível de punição); o artigo 18-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê que a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante.
Outra fala absurda foi proferida em 2018. Na ocasião afirmou que as universidades incentivavam a “prática sem limites de sexo”. Ainda culpou indiretamente os métodos contraceptivos, como a pílula anticoncepcional: “o mundo foi perdendo a referência do que é certo e errado. (…) E isso foi trazendo muitas dificuldades, porque agora a gravidez indesejada não é mais um risco”. Este vídeo foi apagado, mas cópias circulam em redes sociais.
Setor Privado
Ribeiro é ligado à rede privada de ensino. Graduado em Teologia e Direito, mestre em Direito e doutor na área de Educação, é membro do Conselho Deliberativo do instituto Presbiteriano Mackenzie, entidade mantenedora da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Também atuou como reitor em exercício e vice-reitor da instituição.
*Crédito da foto em destaque: reprodução Twitter
(Assessoria de Comunicação do Andes-SN com edições e acréscimo de informações da ASPUV)