Nota de repúdio pela condução coercitiva de integrantes da UFMG
A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Viçosa (Aspuv) vem a público repudiar a condução coercitiva do reitor, da vice-reitora e de outros integrantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizada pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (06). A ação faz parte de uma operação chamada Esperança Equilibrista, que apura supostas irregularidades na implantação do projeto Memorial da Anistia Política do Brasil, financiado pelo Ministério da Justiça e executado pela instituição de ensino.
Novamente, deparamo-nos com um processo judicial que se tornou espetáculo, tendo os envolvidos a sua intimidade e a sua imagem expostas sem a possibilidade de defesa em igual proporção. Dessa forma, fatos que ainda estão sob apuração são tidos como verdade e os envolvidos massacrados publicamente. Novamente, a ação se dá sobre uma universidade federal, justamente em um momento em que as instituições públicas de ensino sofrem com as diversas ações em curso no país, que visam a desmoralização do ensino público, o seu desmonte e, consequente, privatização.
Chama ainda a atenção o simbolismo de ação se dar justamente sobre um projeto, que busca trazer à tona verdades relacionadas ao período da Ditadura Militar e não deixar morrer a memória desse período tão tenebroso da história brasileira.
O episódio desta quarta-feira ocorre pouco mais de dois meses após a morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo. Cancellier se suicidou após sofrer ação semelhante: foi conduzido coercitivamente pela Polícia Federal e teve a sua imagem amplamente exposta durante a apuração de atos administrativos sem a oportunidade de apresentar publicamente a sua defesa.
A Aspuv, mais uma vez, declara o seu repudio à espetacularização de processos judiciais e reforça a sua convicção de que todas as investigações devem ser guiadas estritamente pelo que prevê a lei, sendo garantidos o respeito e a defesa dos envolvidos na apuração. Perguntamos: quantas outras vítimas esse estado policialesco ainda produzirá?
Reforçamos a nossa luta em prol da educação pública, gratuita e de qualidade e do cumprimento de todas as garantias constitucionais.
Diretoria da Aspuv
Gestão 2016-2018