Governo não nomeia e universidade federal baiana fica sem reitor
A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), segunda maior federal do estado, está sem reitor. O mandato da reitora em exercício, Georgina Gonçalves dos Santos, terminou na última terça-feira (30) sem que o Governo Federal nomeasse o novo dirigente da instituição.
“Não encontramos base legal para nomear um substituto. Então, estamos nesta situação surreal em que a universidade ficou sem ninguém para responder por ela”, afirmou o professor Jorge Cardoso, membro do Conselho Universitário e diretor do Instituto de Artes, Humanidades e Letras, ao jornal Folha de São Paulo. Segundo o Conselho Universitário, o estatuto da UFRB não prevê substituto legal em caso de vacância permanente das vagas de reitor e vice-reitor.
A ausência de um representante legal impede a universidade de, por exemplo, firmar contratos, efetuar pagamentos e liberar a folha salarial dos servidores. A lista tríplice com os indicados à reitoria foi enviada ao Ministério da Educação (MEC) há quase cinco meses, em março.
“Toda essa falta de responsabilidade por parte do governo e de setores da comunidade que não aceitaram o resultado da consulta para a escolha do reitor coloca a administração da UFRB numa situação de confusão. A ausência de um representante máximo, interrompeu, no dia de hoje (31 de julho), tanto as funções administrativas quanto políticas de gestão, o que, certamente, acarreta prejuízos para a universidade, os quais ainda não conseguimos mensurar”, destacou nota publicada pela Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (Apur). No texto, a entidade exige a nomeação imediata da reitora eleita.
No último dia 17, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) também havia divulgado nota pedindo o respeito ao resultado da consulta interna na instituição. “O ANDES-SN, reafirma sua defesa intransigente da autonomia universitária e da democracia interna nas Instituições Federais de Ensino. A ação do MEC é considerada por nós absurda, frente à Constituição Federal é um flagrante ato autoritário e antidemocrático! Repudiamos tal ação e exigimos que o Governo Federal respeite a decisão do Conselho Universitário!”, diz o texto.
Entenda o caso
O Conselho Universitário realizou votação para escolha do novo reitor no dia 27 de fevereiro. A então vice-reitora e posteriormente reitora em exercício, Georgina, foi a mais votada pelo colégio e encabeçou a lista tríplice encaminhada ao Ministério da Educação (MEC), em março. O resultado, no entanto, foi contestado pelo docente segundo colocado na consulta interna à comunidade e que ficou fora da lista
O professor recorreu à justiça, mas o pedido de liminar e embargos de declaração da sua defesa foram negados.
Autonomia universitária em xeque
O Governo Federal vem segurando a nomeação de reitores este ano. Até maio, eram oito casos do tipo contabilizados. Além disso, o episódio da UFRB se junta ao de outras universidades federais este ano, relacionados ao desrespeito à autonomia das instituições.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações da Folha de São Paulo e Apur)