Aspuv

Seção Sindical dos Docentes da UFV
Eleições da ASPUV: entrevista com a Chapa 1 ASPUV é UFV

Dando a oportunidade para que os sindicalizados conheçam melhor as chapas que disputam as eleições 2020 da ASPUV e possam fazer a sua escolha respaldados em muitas informações, o setor de comunicação entrevistou as duas chapas concorrentes.

Para garantir a devida isenção, foram feitas as mesmas perguntas e dado igual espaço máximo às respostas. As duas entrevistas terão esta introdução e serão publicadas na íntegra, exatamente como foram encaminhadas, obedecendo à ordem de inscrição das chapas.

A primeira é com o candidato a presidente pela Chapa 1 ASPUV é UFV, o professor Edilton de Souza Barcellos.

1 Como avalia o atual cenário para a carreira docente e a educação pública?

A carreira docente ainda não está adequada às diretrizes preconizadas pela Constituição Federal. A última mudança implementada pelo governo reforçou o desequilíbrio entre classes/níveis da carreira docente, penalizando sobretudo os professores recém-contratados e os aposentados. À época (2012), os juristas Huning e Costa concluíram não existir carreira docente, e sim um aglomerado de não-garantias de qualidade do ensino. No cenário atual, observamos claras tendências ao arrocho salarial e à ausência de equidade na carreira. A reforma administrativa ameaça essas condições já precárias, impondo intensificação do trabalho, perdas de direitos (p. ex. insalubridade) e perspectiva de privatização, pelo rompimento do RJU e contratações via CLT.

2 Se a sua chapa for a eleita, quais ações pretende adotar junto à base para discussão e mobilização frente a esse cenário?

Nossa base é a essência do Sindicato, sendo a Assembleia a instância máxima de decisão. Manteremos a divulgação de informações para os/as docentes, tanto das ações realizadas pela ASPUV quanto pelo ANDES-SN, em defesa dos nossos direitos e da nossa carreira, por meio do site da ASPUV, do Boletim semanal enviado por e-mail aos sindicalizados e da Rádio ASPUV. Manteremos o diálogo constante com o Conselho de Representantes, buscando ampliar a participação dos departamentos da UFV nessa instância, inclusive para construção de nossa pauta local de reivindicações. Vamos também mobilizar os Grupos de Trabalho locais, já existentes e alguns novos, que facilitarão a discussão dos temas relevantes e a proposição de ações junto à nossa categoria.

3 O trabalho remoto impôs uma nova rotina e uma série de desafios à categoria docente. Como deve ser a atuação da ASPUV frente a ele e a uma possível massificação do formato EaD?

EaD é uma modalidade de ensino regulamentada em nível nacional, que contempla projetos pedagógicos sólidos e a inserção das TIC como ferramentas de mediação da aprendizagem. O trabalho remoto, por sua vez, se impôs em função da pandemia, como um viés para permitir a manutenção das atividades, ainda que de modo parcial e precarizado, e não deve ser confundido com a EaD. Os períodos remotos adotados na UFV não conseguiram incluir toda a comunidade, demonstrando que não devem ser um modelo permanente da prática docente. A posição da ASPUV deverá ser pelo desenvolvimento de uma Universidade que incorpore as tecnologias modernas de ensino, resguardando a função e as melhores condições para o trabalho docente, além da efetiva inclusão social.

4 A ASPUV é uma instância deliberativa e organizativa do Andes-SN. De que forma pretende fazer a ponte e o diálogo com o nosso sindicato nacional?

O ANDES é um dos maiores sindicatos do país, que representa mais de 70 mil professores em todo território nacional. Nossa relação deverá ser de interlocução permanente com o ANDES, comunicando as deliberações resultantes das consultas à nossa comunidade, para a construção coletiva das propostas e ações do Sindicato. Somos pela participação ativa nas diferentes instâncias de decisão (Assembleias, CONAD, grupos de trabalho, campanhas de conscientização etc) e pela ampla divulgação das análises e cartilhas elaboradas pelo corpo técnico do ANDES-SN. Nossa filiação sindical é a garantia de força de negociação nas questões que afetam a carreira docente e a educação do país, sendo essencial, por exemplo, nas causas judiciais movidas pela ASPUV.

5 O Andes-SN tem Grupos de Trabalho e outros locais de discussão que pautam temas além dos que atingem diretamente a carreira. Exemplos são as questões étnico-raciais, de gênero e a defesa dos serviços públicos como o SUS. Como a ASPUV deve tratar esses debates e qual espaço pretende dar a eles?

Nossa chapa, desde a sua composição, se compromete com a luta permanente pelos direitos dos/as trabalhadores/as na diversidade e pela dignidade coletiva. A chapa foi formada com paridade de gênero e pluralidade étnico-racial, social e acadêmica, envolvendo representantes de todos os Centros de Ciências da UFV para favorecer nosso engajamento no diálogo sobre essas temáticas tão importantes no cenário social e político atual. Nesse sentido, nossa proposta é o fortalecimento dos Grupos de Trabalho existentes em nosso Sindicato, levantando as demandas junto aos grupos e movimentos sociais, que mobilizam essas causas na Universidade e na cidade de Viçosa, em sintonia com os Grupos de Trabalho existentes no Andes.

6 Os sindicatos, no geral, vivenciam um momento considerado delicado. Um exemplo foi a proibição do desconto da contribuição em folha, o que atingiu fortemente a ASPUV. Qual a concepção de sindicato defendida pela chapa?

Defendemos um Sindicato moderno que entende que a defesa dos direitos da categoria docente é a defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade, socialmente referenciada e aberta a estudantes de todas as classes sociais. A defesa dos direitos dos/as professores/as deve ter reflexos para além das conquistas individuais da categoria, deve ter como resultado a garantia do aporte de recursos necessários ao fazer acadêmico no ensino, na pesquisa e na extensão. Deve ter a garantia de recursos para contratações e concursos para docentes, bolsas e auxílios de várias modalidades, dentre outros. Deve desaguar em um projeto de Ciência, Tecnologia e Inovação Social, público e anticolonial, que aponte para nossa soberania nacional.

7 Recentemente, vimos o acirramento de perseguições a servidores em universidades e outros órgãos públicos. Na UFC, por exemplo, cinco professores estão sofrendo processo administrativo, segundo denuncia o Andes-SN, em função de suas atuações sindicais. Também ganhou repercussão o dossiê, montado pelo Ministério da Justiça, com dados de centenas servidores identificados como antifascistas, entre eles docentes. Em caso do tipo entre a base da ASPUV, como pretende auxiliar e dar o suporte necessário ao professor?

Isto ocorre de forma generalizada nas IFES, representando a tentativa de cercear o direito à atuação sindical. As perseguições, acirradas a partir de 2018, fizeram docentes deixarem o país devido, inclusive, a ameaças de morte. A professora Débora Diniz, que lecionava na UnB, é um dos casos mais divulgados pela imprensa e redes sociais. Já a existência do referido dossiê é a ação do Estado no ataque à liberdade de cátedra e à democracia. Isso evidencia a necessidade de nos mantermos filiados ao Andes-SN. A nossa atuação se dará de modo a reforçar o diálogo com representantes de cada curso, no sentido de prevenir tais atos e solicitar comunicação imediata desse tipo de ocorrência à ASPUV para atuação do jurídico na defesa do corpo docente.

8 Atualmente, a ASPUV se pauta por um diálogo estreito com as entidades representativas de servidores técnicos e estudantes da UFV, outros sindicatos da região e movimentos parceiros. Como avalia essa política e pretende tratá-la?

Sabemos dos desafios que a UFV enfrentará nos próximos anos com redução de verbas, reposição de aulas e reorganização do calendário acadêmico. Além disso, nós, os servidores públicos, estamos passando por um momento de achatamento de salário e ameaças às nossas carreiras. Tais fatos atingem toda a comunidade universitária, exigindo que sejam debatidos local e nacionalmente com os técnicos e estudantes. Como exemplo, citamos as demandas de ações juntos ao AGROS, como os próprios planos de saúde e o TAC do plano B, que devem ser discutidos em conjunto com sindicatos dos servidores (ASAV, SINSUV e ATENS), assim como com o DCE, e em diálogo com a administração superior da UFV e os órgãos deliberativos CONSU e CEPE.

9 Entre os projetos parceiros da ASPUV atualmente, temos o Quintal Solidário e o Comitê Quem Luta Educa. Pretende dar continuidade a parcerias como essas? Se sim, em quais condições?

O espaço vivido e percebido por nós, professores/as, é aquele que apropriamos pelos sentidos, como a rua e o bairro em que moramos. Esses espaços dão conteúdo à qualidade de vida e à cidadania. Nesse sentido, parcerias importantes, como o Quem Luta Educa e o Quintal Solidário, ganham protagonismo na ASPUV. Entendemos que a participação nesses espaços é primordial para construirmos ambientes de liberdade e qualidade de vida em Viçosa. No caso do Quintal, além da boa alimentação e valorização da agricultura familiar e da agroecologia, temos um espaço de encontro e cultura, o que consideramos ser uma das funções do Sindicato. Aprofundaremos essa relação e estudaremos a possibilidade de ampliar essas parcerias para outros campi.

10 No caso de vitória da sua chapa, em linhas gerais, o que esperar da gestão?

Dialogaremos com a categoria e com a administração da UFV. Trabalharemos para o cumprimento das propostas de campanha. Focaremos na defesa da saúde e bem estar da/o docente. Concentraremos esforços na defesa da Autonomia Universitária cuja perda traria efeitos desastrosos para a Universidade Pública. Dispenderemos especial atenção a momentos de lazer e desconcentração em duas confraternizações: Aniversário da ASPUV e Dia do Professor. Por outro lado, enveredaremos para outros espaços. Trabalharemos junto à direção nacional do ANDES SN, da ANDIFES, do CNPq e outras agências de fomento no sentido de pressionar o Congresso para a revogação da emenda 95 e para impedir a tramitação do projeto de reforma administrativa.

(Assessoria de Comunicação da ASPUV)

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