Professores se sentem sobrecarregados e pressionados, aponta pesquisa do ANDES-SN
Quase 80% dos docentes se sentem sobrecarregados e/ou pressionados sempre ou frequentemente, apontou um levantamento feito pelo ANDES-SN. Os resultados foram obtidos por meio de uma enquete aplicada com 1.874 professores de 11 instituições como parte de um projeto piloto do sindicato nacional para analisar as condições de trabalho e saúde nas universidades públicas, institutos federais e CEFETs. O relatório dessa primeira etapa da pesquisa foi apresentado durante a abertura do 66º Conad, na última semana.
Os dados divulgados revelam que 65% dos docentes consideram que o volume de atividades aumentou na comparação com o segundo semestre de 2019, o último antes da pandemia e da adoção do trabalho remoto. Ao serem questionados sobre a frequência com que se sentem sobrecarregados, 42% responderam que sempre; 33%, frequentemente; 21%, alguma vezes e apenas 3,5%, raramente e 1,2%, nunca.
A maioria dos participantes também indicou que se sente pressionada para cumprir prazos e metas: 46% sempre e 33% frequentemente, totalizando 79%. Somente 16% afirmaram que algumas vezes; 3,9%, raramente e 0,8%, nunca.
Também chama a atenção o fato de 88% dos professores disserem que assumem serviços, que não são competência docente, seja sempre, frequentemente, algumas vezes ou raramente. O dado explicita a defasagem do número de servidores técnicos nas instituições. As perdas salariais da categoria também se refletem na pesquisa, que mostra que 58% dos entrevistados estão endividados (possuem dívidas, financiamentos ou empréstimos).
Plataformização e adoecimento
O trabalho remoto acelerou o processo de plataformização do trabalho docente. Nesse sentido, quanto ao aumento do uso das tecnologias da comunicação e informação, 38,3% dos entrevistados avaliam o cenário como negativo. As implicações ficam explícitas no fato de 98.9% dos entrevistados afirmarem já ter resolvido assuntos relacionados ao trabalho por e-mail ou mensagens em dispositivos eletrônicos fora do horário de expediente. Essa resposta pode ser associada ao fato de a ampla maioria dos entrevistados (88%) ter respondido que trabalha por demanda/tarefa, apesar de a forma de contratação ainda ser majoritariamente por tempo/jornada.
A próxima edição do Rádio ASPUV debaterá a plataformização e a uberização do trabalho. O programa irá ao ar no dia 31 de julho, às 13h na Rádio Universitária FM 100,7 e também será disponibilizado nos aplicativos de podcast.
Enquete nacional sobre condições de trabalho e saúde docente
A enquete do ANDES-SN tem o objetivo de traçar o perfil do docentes e fazer um levantamento sobre as condições de trabalho, o cotidiano e as demandas da categoria. Desse modo, é possível coletar informações, que possam basear as ações do sindicato nacional na busca por melhorias para os professores.
Neste primeiro momento, como um piloto, foram ouvidos docentes dos estados da equipe de coordenação da pesquisa. O relatório preliminar apresentado sistematiza alguns dos resultados e apresenta a apuração de 18 questões, dentre as 74 que constituíram a enquete.
“Considerando essa ser a primeira etapa, de caráter experimental, visou-se testar o questionário e as condições de aplicação em um número limitado de instituições, para, na sequência, expandir a todas as instituições da base do ANDES-SN. Após a realização da segunda fase, com previsão para o segundo semestre de 2023, os dados poderão ser tratados, tanto de forma geral, em âmbito nacional, quanto em âmbito regional ou por instituições, servindo, assim, de diagnóstico e instrumento para a mobilização política”, diz a equipe.
Leia o relatório já disponibilizado aqui.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV)