Começa o 63º Conad: nova diretoria do Andes toma posse
Começou, na manhã dessa quinta-feira (28), a 63ª edição do Conad, instância deliberativa do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). A atividade é realizada em Fortaleza (CE) até o próximo domingo (01) e traz como tema Por um projeto classista e democrático de educação pública: em defesa da gratuidade, autonomia e liberdade acadêmica. A Aspuv participa com três ouvintes: a presidente Junia Marise Matos Sousa, o tesoureiro Allain Wilham Silva de Oliveira e a professora Christina Gontijo Fornaciari, representante da base.
A plenária de abertura deu posse à nova diretoria do sindicato nacional para o biênio 2018/2020. A professora da Universidade Federal Fluminense, Eblin Farage, deixou a presidência da entidade agradecendo a confiança depositada nela e afirmando que cumpriu o objetivo de defender a educação pública: “os últimos dois anos foram um período que exigiu muito de nós, pois a conjuntura demandou intensa mobilização. E o sindicato nacional respondeu a todo esse processo de mobilização que o país e o momento exigiam. Ouso dizer que não houve uma ação de rua sequer, com uma data nacional de mobilização, que o Andes não tenha sido protagonista e, ou, ajudado a construir ombro a ombro com as demais categorias de trabalhadores”, analisou.
A docente destacou também a mobilização das bases nesses dois anos: “a orientação era definida pelas nossas instâncias, unidade de ação nas ruas, e nos empenhamos muito para fazer isso. O Andes pode se orgulhar de ter construído os grandes processos de mobilização que marcaram o segundo semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2017. Mas também tivemos perdas importantes, a classe foi duramente atacada e perdemos direitos. Temos muitas outras lutas pela frente, e talvez a principal seja revogar essas medidas que retiraram direitos dos trabalhadores”. Farage continua na atual gestão do Andes, agora, no cargo de secretária-geral.
O presidente empossado, o professor da Universidade Federal do Maranhão, Antonio Gonçalves, discursou fazendo um chamamento para a construção de uma unidade, superando as diferenças políticas. “Quero reafirmar o nosso compromisso em continuar construindo um sindicato autônomo, de luta, classista, que se organiza pela base, com diálogo e democracia interna. Serão esses os princípios norteadores das nossas ações. Assumimos essa tarefa em um momento de mais uma crise internacional do capital e de ofensiva dos setores reacionários, que têm intensificado os ataques à classe trabalhadora, com retirada de direitos, recrudescimento do conservadorismo, combate à autodeterminação dos povos, opressões, perseguições e mortes”, disse.
“No Brasil, as políticas implementadas pelo atual governo, como parte da estratégia do capital de romper as altas taxas de competitividade, são perversas e inaceitáveis. A Emenda Constitucional 95, que impôs um teto no orçamento público, tem retirado recursos da educação, saúde, transporte, segurança e de diversas políticas sociais, duramente conquistadas pela classe trabalhadora do nosso país. A ciência e a tecnologia públicas têm sido duramente atacadas, reduzindo a produção do conhecimento, para os restritos interesses do capital. Enquanto os recursos para a educação superior são cortados, o fundo público está desviado para a iniciativa privada, através de programas como o Fies e o Prouni. A reforma trabalhista e a lei da terceirização, como prevíamos, ampliaram o trabalho formal e o desemprego, piorando sobremaneira as condições de vida do nosso povo. O avanço de políticas como a “escola sem partido” e a aprovação da base nacional curricular comum visam a construção do pensamento único no processo de formação, retirando a necessária criticidade emancipatória”, continuou o presidente do Andes.
Para Gonçalves, a reorganização da classe é uma prioridade e deve ser realizada por meio da construção do mais amplo espaço de unidade de ação. “Precisamos derrotar as contrarreformas do governo Temer. Para isso, é necessário fortalecer a CSP-Conlutas, nos esforçarmos para fazer dessa central um espaço cada vez mais democrático, que reúna amplos setores. No que se refere à categoria docente, tenho como tarefa a ampliação da nossa base nas universidades, institutos e colégios de aplicação, o fortalecimento das assembleias de base, para lutarmos por uma carreira estruturada, melhores condições de trabalho e de remuneração salarial tanto no setor das federais, quanto nos das estaduais e municipais. Precisamos aumentar na base da nossa categoria a percepção do modo como as políticas mais gerais, que por vezes somos acusados injustamente de debatê-las demasiadamente em detrimento das pautas ditas corporativas, têm impacto direto em nossas vidas, desse modo contribuiremos para a construção da consciência de classe, indispensável para avançarmos na luta,” finalizou o novo presidente do Andes.
Este ano, o Conad é realizado pelo sindicato nacional em parceria com a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece). “Promover a realização do Conad é um grande desafio, mas abraçamos esse desafio com muita alegria, pela importância que constitui o Conad para a construção do movimento docente, do sindicato nacional e da nossa seção sindical, que se afirmam na perspectiva da autonomia, pautada nos interesses fundamentais da classe trabalhadora. Mas esse desafio não teria sido enfrentado e superado pela Sinduece se não fosse somado, aos nossos esforços, o apoio da Regional e do Sindicato Nacional, que compartilharam todas as dificuldades”, disse a presidente do Sinduece, Rejane Oliveira.
Apresentação feminista e Marielle presente!
O Conad se iniciou com uma apresentação musical do grupo Tambores de Safo, composto por percussionistas lésbicas e bissexuais do Ceará, que usam a música como instrumento artístico e social para a construção e contribuição do pensamento crítico feminista e contra o machismo.
Também durante a plenária, foi realizada uma homenagem à Marielle Franco, vereadora do Psol do Rio de Janeiro assassinada em março deste ano. Foram exibidos dois vídeos sobre a vereadora e ainda uma fala de Shyrlei Rosendo, moradora da Favela da Maré, onde nasceu e cresceu Marielle.
Lançamento de materiais
Durante o primeiro dia do Conad, o Andes lançou ainda materiais: duas edições da Revista Universidade e Sociedade, a número 62 com o tema A Barricada fecha a rua, mas abre o caminho: 50 anos do Maio de 68 e atualidade das lutas sociais e a edição especial 130 anos da Abolição da Escravidão no Brasil: Resistência do Povo Negro e a Luta por Reparações, e a cartilha a cartilha Crise de financiamento das Universidades Federais e da Ciência Pública, produzida em conjunto pelos grupos de trabalho de Política Educacional, Ciência e Tecnologia e de Verbas.
As versões digitalizadas das revistas serão divulgas em breve. Já a cartilha está disponível aqui.
Foto em destaque: nova diretoria do Andes empossada. Crédito das fotos que ilustram essa matéria: Andes.
(Assessoria de Comunicação da Aspuv com informações do Andes)