Com reajuste rebaixado, trabalhadores da educação de BH entram em greve

Mais de duas mil pessoas participaram da assembleia da Campanha Salarial 2025 da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (MG), que terminou com a decisão unânime de iniciar uma greve por tempo indeterminado, a partir da última sexta-feira (6). Na segunda (9), o movimento já atingia 86% das escolas da capital mineira.
A paralisação é uma resposta ao reajuste linear de apenas 2,49% proposto pela gestão do prefeito Álvaro Damião (União Brasil). O percentual é inferior à inflação acumulada (refere-se somente ao índice entre janeiro e abril) e deixa as remunerações abaixo do piso nacional do magistério, o que gerou forte reação da categoria. A Prefeitura também sinalizou um aumento do vale-refeição no mesmo índice e o reajuste do benefício para R$ 60 no mês seguinte à aprovação da lei, entre outras medidas.
Pauta de reivindicações
Durante a assembleia que decidiu pela greve, os trabalhadores também aprovaram uma pauta de reivindicações prioritárias. Entre os principais pontos estão:
- recomposição salarial com base nos índices de reajuste do piso nacional do magistério;
- reposição imediata do quadro de professoras e professores, com ênfase nas escolas municipais de educação infantil (Emeis), nas quais a carência é mais grave;
- reestruturação da carreira;
- redução do número de estudantes por sala, para garantir melhores condições de ensino e trabalho;
- ampliação do tempo de planejamento e tratamento isonômico entre docentes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental;
- garantia de paridade nas recomposições salariais das aposentadas e dos aposentados, conforme previsto em lei.
Após a assembleia, foi realizado um ato público que percorreu ruas da capital mineira até a sede da Prefeitura. Com faixas, cartazes, palavras de ordem e forte presença popular, a mobilização expressou a indignação coletiva de quem luta por uma educação pública de qualidade e por condições dignas de trabalho.
Calendário de mobilizações
A categoria também aprovou um calendário de mobilizações. Entre as ações, estão reuniões do Comando de Greve, atividades nas regionais, panfletagens e uma manifestação, nesta terça (10), em frente à Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, com a pergunta central Cadê o dinheiro da educação?.
A Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE/BH) reforçou a importância da participação ativa de toda a categoria nas atividades da greve. Para o sindicato, a proposta da Prefeitura representa um ataque à valorização profissional e à educação pública e o momento exige união, resistência e mobilização.
Greve no DF
No Distrito Federal, professores da rede pública distrital também estão em greve. A última proposta apresentada pelo governo foi considerada insuficiente pela categoria.
Em 2 de junho, ainda antes do início da paralisação, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) determinou a aplicação de uma multa diária de R$ 1 milhão ao Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), caso o movimento paredista fosse deflagrado. Quatro dias depois, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, suspendeu a multa e pediu informações à desembargadora e ao governo do DF sobre a abusividade da greve declarada pela Justiça distrital.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV a partir de texto do ANDES-SN)