Chamado à unidade de luta marca primeiro dia do 38º Congresso do Andes
Um chamado à unidade na diversidade. Esse foi o tom da mesa de abertura do 38º Congresso do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), realizada nessa segunda-feira (28). O congresso, maior instância deliberativa da entidade, segue até o dia 02 de fevereiro em Belém (PA), reunindo quase 600 professores de todo o país, e é realizado em parceria com a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Pará (Adufpa – seção sindical do Andes).
A riqueza cultural da Amazônia marcou a celebração de abertura. Uma apresentação da Associação Cultural Iaçá destacou as encantarias e as lendas amazônicas, convidando os professores a entrarem nas rodas de carimbó.
Durante a cerimônia, o presidente do Andes, Antonio Gonçalves, apontou os desafios da conjuntura. Ele reafirmou o compromisso do sindicato nacional na defesa da democracia, das instituições públicas de ensino e do trabalho docente. Lembrou ainda do movimento da Cabanagem e do revolucionário Eduardo Angelim, que assumiu o comando da Província do Grão-Pará no século XIX, destituindo a elite local do poder. “Que aquele movimento de resistência nos sirva de inspiração e que tenhamos a capacidade de construir a luta necessária para este momento e saiamos com um patamar superior da organização”, afirmou.
A diretora-geral da Adufpa, Rosimê Meguins, deu as boas-vindas aos participantes. Ela destacou o histórico de mobilização da entidade, que completa 40 anos, relembrando a importância do movimento docente no enfrentamento à Ditadura Militar e a importância da construção de unidade na luta por mais direitos e em defesa das liberdade democráticas: “o maior desafio de nossa categoria e nosso sindicato é mostrar que não iremos aceitar retrocessos”.
O reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Emmanuel Tourinho, criticou as medidas restritivas no Orçamento da União, falou sobre os ataques à autonomia universitária e destacou o papel das Universidades públicas na defesa de um projeto de sociedade que garanta a soberania do país. “Não podemos querer apenas preparar bons técnicos profissionais. Temos que promover a cidadania, a crítica e a ciência”, defendeu.
Representando a Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Saulo Arcangeli indicou um calendário de lutas contra os ataques do novo governo. Ele deu destaque à Assembleia Geral dos Trabalhadores, que vai ocorrer em 20 de fevereiro, na Praça da Sé, em São Paulo. Ao analisar a conjuntura, ele ressaltou a resistência às políticas de austeridade fiscal pelo mundo. “Os ajustes fiscais estão sendo aplicados em todo o mundo, mas também há resistências, como os coletes amarelos na França e a greve dos professores nos Estados Unidos”, explicou.
O diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), Adriano Mendes, defendeu a unidade entre os estudantes, técnico-administrativos e professores. Na pauta, a defesa da educação pública, um dos setores mais atacados pelo atual governo.
Diversidade dos movimentos sociais
A diversidade dos movimentos sociais foi uma marca na mesa de abertura: primeiro professor indígena da UFPA e membro da etnia Uirá, William Domingues, criticou os ataques do novo governo aos territórios indígenas. Já Robert Rodrigues, do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), falou sobre o crime ambiental da Vale em Brumadinho (MG) e pediu apoio do movimento docente às brigadas que foram constituídas no local, em solidariedade ao povo da região. Participou ainda a Associação Estadual das Comunidades Remanescentes de Quilombo, representada por José Carlos Galiza.
O Andes-SN também foi representado na mesa pela secretária-geral Eblin Farage, pela primeira tesoureira Raquel Dias e pelo integrante da Regional Norte II, Emerson Duarte.
Centralidade de Luta
O primeiro dia de congresso aprovou ainda a centralidade da luta e das ações do Andes em 2019: “atuar buscando maior mobilização da base, pela construção de uma ampla unidade para combater a contrarreforma da previdência, as privatizações e revogar a EC 95. Defender a livre expressão, organização e manifestação, enfrentando as medidas antidemocráticas de extrema direita: defender os direitos fundamentais dos (as) trabalhadores e trabalhadoras; os serviços e os (as) servidores (as) públicos (as), bem como o financiamento público para Educação, Pesquisa e Saúde Públicas. Para tanto, empenhar-se na construção de uma Frente Nacional Unitária, como espaço de aglutinação para essa luta, contribuindo assim para avançar na organização da classe trabalhadora”. A proposta foi aprovado sem nenhum voto contrário e com algumas abstenções.
Leia mais sobre a plenária que deliberou pelo texto aqui.
ASPUV no congresso
A ASPUV está presente no 38º Congresso do Andes com uma delegada, a presidenta Junia Marise Matos Sousa, e oito observadores representantes da base e da diretoria. São eles: Bethania Medeiros Geremias (DPE), Edgard Leite de Oliveira (DPE), Fernando Conde Veiga (DGE), Igor Thiago Moreira Oliveira (DPE), Marcia Cristina Fontes Almeida (COL), Priscila Ribeiro Dorella (DHI), Renata Rena Rodrigues (COL) e Thais Almeida Cardoso Fernandez (DBG).
(Crédito da foto em destaque: Pedro Guerreiro)
(Assessoria de Comunicação da Adufpa com edições da ASPUV)