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Seção Sindical dos Docentes da UFV
ASPUV recupera seu arquivo histórico e planeja centro de memória docente

Cinquenta e seis anos de história guardados em caixas e mais caixas de documentos, que ajudam a reconstituir a trajetória de um dos mais longevos sindicato da educação do país: a ASPUV. Todo esse material estava disperso e espalhado pelas diferentes sedes da entidade. Mas, agora, começa a ganhar um novo corpo com um amplo trabalho de higienização, identificação e catalogação.

Em sala cedida pelo DHI, documentação da ASPUV passa por higienização e é organizada.

O resgate e a organização do arquivo da ASPUV estão sendo desenvolvidos por meio de uma parceria entre a seção sindical e o Departamento de História da UFV (DHI). Nos últimos meses, foram levantadas e resgatadas centenas de caixas contendo a documentação da entidade. Inicialmente, o material foi levado a uma sala do Edifício Panorama, onde iniciou-se um primeiro trabalho de limpeza. Na sequência, encaminhado a uma sala cedida pelo DHI. Nela, 13 estudantes voluntários orientados por professores e técnicos dão sequência ao trabalho de higienização e identificação. Para isso, os alunos participaram de uma oficina preparatória oferecida pelo Arquivo da UFV com instruções acerca dos procedimentos a serem adotados no manuseio.

Neste início, a iniciativa já revela a riqueza escondida no acervo. Foi resgatado, por exemplo, o cartaz do XIII Congresso do Andes, realizado em Viçosa, em fevereiro de 1994. Outros vários materiais de divulgação estão ressurgindo, como jornais e adesivos, que ajudam a contar a história do movimento docente. Muitos, inclusive, despertam paralelos com a atual situação do país, como cartaz chamando a atenção para a questão da autonomia universitária de 27 anos atrás. Há ainda circulares, ofícios, convocações de assembleias, documentos jurídicos antigos e convites para festa, citando apenas alguns.

“É uma documentação riquíssima (…). A gente começou com o processo de higienização mecânica. A próxima etapa é a de identificação e a gente pretende, no final, ter um quadro de arranjo, conhecer toda essa documentação e poder lançar no sistema da UFV. Quem sabe, futuramente, digitalizar… É um trabalho de formiguinha, mas a gente faz com muito empenho, porque tem consciência da importância desse acervo não só para instituição, mas para a memória do país, do povo trabalhador brasileiro”, relata a técnica em assuntos educacionais do DHI, Ana Paula Ribeiro Freitas.

“A gente considera que isso é parte da memória dos professores. E a memória da universidade precisa ser pesquisada, precisa ser refletida, trabalhada (…). Existe hoje uma percepção de que a estabilidade do professor sempre existiu, mas quando a gente estuda a história, vai vendo que houve uma série de mudanças, de instabilidades (…) As greves, as manifestações sociais, as associações, as deliberações foram definitivas para a gente poder construir uma outra universidade, uma outra UFV, um outro entendimento sobre o direito do trabalhador docente”, pontua a professora do Departamento de História e uma das coordenadoras da atividade, Priscila Dorella.

Centro de Memória do Trabalhador Docente

A partir da catalogação, o sonho é construir um Centro de Memória do Trabalhador Docente, iniciativa pioneira entre sindicatos da categoria. O trabalho é importante por várias questões: poderá servir de objeto de ensino e pesquisa, valorizará quem escreveu essa história e jogará luz sobre as várias conquistas alcançadas graças à resistência da ASPUV.

“A partir do momento em que você tem apenas uma narrativa ou que a narrativa não leva em consideração o movimento de trabalhadores, você tem uma história um pouco aleijada, o que dificulta que a gente avance nos pontos principais da vida pública. Se você não cuida da memória, do arquivo, das narrativas, você tem apenas a história oficial. E a história oficial marcha por cima dos trabalhadores”, destaca o diretor de divulgação da ASPUV e idealizador do trabalho, Edgard Leite de Oliveira.

Na própria UFV, esta concepção de arquivo é recente, como relata o arquivista da universidade, Eduardo Luiz dos Santos. Eduardo também é parceiro do projeto e foi o responsável pela oficina ministrada aos estudantes. Ele acredita que o trabalho desenvolvido pela ASPUV será fundamental para aqueles que já passaram pelo sindicato se perceberem nessa história e para o que estão chegando visualizaram a trajetória de resistência. O desafio, agora, terminada a primeira fase, é se pensar em formas de disponibilização do material: “sai de uma concepção apenas memorialista, mas uma concepção de dar acesso à documentação e dar novas possibilidades de pesquisa”, destaca.

Contribuições

A equipe acredita que pode haver muitos materiais históricos também com sindicalizados. Professores que quiserem contribuir com doações de fotos e documentos (podem ser cópias) podem procurar o setor de comunicação da ASPUV pelo e-mail comunicacao.aspuv@gmail.com ou telefone (31) 3891-1428.

 (Assessoria de Comunicação da ASPUV)

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