Após universidade ficar sem reitor, governo nomeia 3º colocado em lista tríplice
Depois de ficar sem reitor, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) terá um novo dirigente. Mas o nomeado pelo Governo Federal é o candidato que ficou em terceiro lugar na lista tríplice encaminhada ao Ministério da Educação (MEC), em março.
Fábio Santos vai suceder Silvio Luiz Soglia, que deixou o cargo no último dia 15 de julho. Desde então, ocupava interinamente a função a professora Georgina Gonçalves, vice de Soglia e candidata que encabeçava a lista tríplice. Seu mandato, no entanto, terminou na última terça (30), sem que a nomeação do novo dirigente tivesse sido feita, o que fez com que a UFRB ficasse sem reitor.
A ausência de um representante legal impede a universidade de, por exemplo, firmar contratos, efetuar pagamentos e liberar a folha salarial dos servidores. Segundo o Conselho Universitário, o estatuto da instituição não prevê substituto legal em caso de vacância permanente das vagas de reitor e vice-reitor.
“De forma irresponsável, optou por favorecer a instabilidade política da instituição ao não nomear a candidata escolhida pela comunidade universitária como reitora da UFRB, o que expressa o perfil antidemocrático e autoritário deste governo, e seu total descompromisso com o bom funcionamento da universidade pública.”, destacou nota publicada pela Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (Apur), que apontou ainda a urgência para construção de uma frente democrática em defesa da instituição.
Antes de sair a nomeação, a entidade representativa dos docentes entrou com uma ação no Ministério Público Federal, na última quinta-feira (01º), pedindo a instauração de uma inquérito civil para apurar se houve improbidade administrativa por parte do presidente em razão da demora. “O Presidente da República, ao deixar de efetuar a nomeação dos novos ocupantes dos cargos de reitor e vice-reitor, cometeu uma omissão ilegal e inconstitucional, podendo provocar graves prejuízos à Universidade”, disse o advogado da Apur, João Gabriel Lopes.
“É importante registrar que a candidata eleita na consulta, professora Georgina Gonçalves, é mulher negra, assistente social e ainda representa menos de 10% da(o)s docentes negra(o)s nas Universidades, IF e CEFET no país (…). O ANDES-SN reafirma sua defesa intransigente da autonomia universitária e da democracia interna nas Instituições Federais de Ensino. A ação do MEC fere a Constituição Federal e é um flagrante ato autoritário e antidemocrático! Repudiamos tal ação e exigimos a nomeação da reitora escolhida da UFRB, respeitando a decisão do Conselho Universitário”, reagiu o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN).
Eleição na UFRB
O Conselho Universitário da UFRB realizou votação para escolha do novo reitor no dia 27 de fevereiro. A então vice-reitora e posteriormente reitora em exercício, Georgina, foi a mais votada pelo colégio e encabeçou a lista enviada ao MEC, em março. O resultado, no entanto, foi contestado pelo docente segundo colocado na consulta interna à comunidade e que ficou fora da lista. O professor recorreu à justiça, mas o pedido de liminar e embargos de declaração da sua defesa foram negados.
Autonomia universitária em xeque
O atual Governo Federal quebrou uma tradição de anos ao deixar de nomear os candidatos mais votados em consultas internas e que encabeçam as listas encaminhadas ao MEC.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV)