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Seção Sindical dos Docentes da UFV
ANDES-SN repudia fala do presidente do CNPq sobre movimento de mães e pais na ciência

O ANDES-SN repudiou a fala do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, durante um evento na última semana, crítica ao movimento Parent In Science (Mães e Pais na Ciência). Galvão afirmou que o movimento “atrapalha muito”.

O Parent In Science surgiu com o intuito de debater a maternidade e a paternidade dentro da ciência. No últimos anos, a iniciativa tem apresentado como a parentalidade impacta a carreira, especialmente a das mulheres.

Em nota , o ANDES-SN disse que as palavras do presidente do CNPq são um ataque direto ao esforço coletivo de docentes e pesquisadores na desconstrução de um sistema acadêmico historicamente projetado por e para homens e à luta por uma academia justa, igualitária e livre de discriminação de gênero.   

“Ao afirmar que o Parent in Science ‘atrapalha muito’, Galvão menospreza a contribuição significativa que o movimento oferece para a promoção de uma cultura acadêmica inclusiva, que compreenda os impactos da parentalidade na trajetória acadêmica de pesquisadores, mas principalmente de docentes e pesquisadoras mulheres, haja vista a enorme disparidade do impacto resultante da divisão sexual do trabalho. As declarações do presidente do CNPq revelam uma postura desinformada e insensível em relação às demandas legítimas das mulheres na ciência”, destaca um trecho da nota

Leia aqui a nota do ANDES-SN na íntegra.

Episódios escancaram o problema

O sindicato nacional relembrou ainda as recentes decisões desfavoráveis às mulheres no processo de avaliação para a concessão de bolsas de produtividade (PQ) do CNPq. Para o ANDES-SN, são episódios “lamentáveis de machismo, sexismo e misoginia”: “repudiamos veementemente a postura do avaliador responsável, que emitiu um juízo de valor permeado por preconceitos, afirmando, literalmente na forma de um dos casos divulgados publicamente, que ‘provavelmente suas gestações atrapalharam essas iniciativas, o que poderá ser compensado no futuro’. Ricardo Galvão, ao utilizar exatamente o mesmo verbo ‘atrapalhar’ que o parecerista do CNPq, reforça a urgência de se combater atitudes discriminatórias e de desvalorização das mulheres na ciência”.

Em 2023, o caso da professora Maria Caramez Carlotto, da Universidade Federal do ABC (UFABC), ganhou os holofotes após ela utilizar as redes sociais para denunciar que foi reprovada em um edital do CNPq por não ter pós-doutorado no exterior e por engravidar.  Após o incidente, a entidade alterou os critérios para apoiar mães na avaliação de projetos submetidos a bolsas em editais de pesquisa, estabelecendo uma extensão de dois anos a cada parto ou adoção, no período de produtividade avaliado.

Segundo a terceira secretária do ANDES-SN,  Annie Schmaltz, o caso evidencia o machismo, o sexismo e a meritocracia expressos pelo CNPq. “Esse é um discurso que o ANDES-SN combate historicamente, principalmente quando compara que homens e mulheres devem competir em pé igualdade, quando existe uma enorme desigualdade de gênero, pois as mulheres ascendem tardiamente na carreira, e consequentemente tem acesso às bolsas de produtividade também tardiamente – enquanto homens, precocemente alcançam rapidamente na carreira e nas estruturas de poder”, ressaltou.

A diretora do sindicato reforçou ainda a necessidade de rever essas estruturas: “é crucial repensar a lógica de uma ciência masculinizada, baseada exclusivamente na produtividade, meritocracia e quantificação do saber, para incorporar as demandas das mulheres, pois existem assimetrias muito evidentes entre homens e mulheres. No caso da declaração e crítica ao Parent in Science feita por Galvão, está baseado nos impactos da parentalidade entre homens e mulheres – mas nesse caso, as mulheres são as maiores prejudicadas”.    

Parent in Science

Criado em 2016, o movimento Parent in Science tem o objetivo de levantar discussões sobre os impactos da parentalidade no universo da ciência brasileira, principalmente sobre as mulheres.  Para o movimento, são necessárias política públicas e a garantia de creches, de salas de acolhimento de amamentação e da divisão igualitária no trabalho do cuidado e nas tarefas domésticas. Além disso, é fundamental combater a discriminação e o preconceito contra mães nos ambientes acadêmicos.

(Assessoria de Comunicação do ANDES-SN com edições da ASPUV)

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