ANDES-SN, FASUBRA e SINASEFE pedem renúncia do ministro da educação após escândalo
O ANDES-SN divulgou uma nota, na qual exige a saída imediata do ministro da educação, Milton Ribeiro. O documento é assinado também pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) e pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA).
A cobrança das entidades representativas da educação se dá após a denúncia da existência de um gabinete paralelo no MEC. Esse gabinete, comandado por dois pastores sem vínculos com a administração pública, estaria envolvido em um esquema criminoso de distribuição de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
“A farra com recursos do FNDE no ‘bolsolão do MEC’ é inadmissível. Os recursos do fundo devem ser destinados para ações de reestruturação e modernização das instituições de ensino, para garantir assistência estudantil a estudantes de baixa renda, ampliar o número de escolas, investir em pesquisa e contratar professores, e não para beneficiar a construção das igrejas”, diz trecho da nota conjunta, que pode ser lida na íntegra aqui.
Entenda a denúncia do gabinete paralelo do MEC
Na última semana, o jornal O Estado de São Paulo revelou a existência de um gabinete paralelo, que opera dentro do Ministério da Educação. Segundo o jornal, o gabinete é liderado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da mesma entidade.
Santos e Moura não possuem ligação com a administração pública nem com o setor educacional, mas têm trânsito livrena pasta, facilitando o acesso de empresários e prefeitos a Ribeiro e participando de reuniões fechadas, nas quais são discutidos assuntos estratégicos do MEC. Os pastores atuam como lobistas e viajam até mesmo em voos da Força Aérea Brasileira (FAB), que deveriam ser destinados exclusivamente a autoridades.
De acordo com a denúncia, os dois têm negociado a liberação de verbas diretamente com prefeituras. Os recursos são geridos pelo FNDE, maior fundo do MEC e atualmente controlado por políticos do Centrão, especialmente pelo Progressistas, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PI). Gestores e assessores, ouvidos pelo jornal sob anonimato, relataram que Santos e Moura iniciam as negociações das verbas em restaurantes e hotéis de Brasília (DF). Na sequência, entram em contato com Milton Ribeiro, que determina ao FNDE a oficialização do empenho. As tratativas ocorrem também pelo interior, durante viagens com o ministro e com o presidente do fundo, Marcelo Ponte. Em ao menos seis eventos, os dois pastores compuseram a mesa reservada às autoridades.
Favorecimento seria pedido de Bolsonaro
Poucos dias depois, a Folha de São Paulo teve acesso a um áudio atribuído a Milton Ribeiro. Nele, o ministro diz priorizar ações para amigos do pastor Gilmar Silva dos Santos, conforme pedido do presidente Jair Bolsonaro. “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar”, destaca trecho da conversa disponível aqui.
MPF vai apurar o caso
Depois da divulgação do escândalo, parlamentares de oposição acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF), Ministério Público Federal (MPF) e Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar a denúncia e a suspeita de tráfico de influência.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu abertura de inquérito para investigar a conduta do ministro Milton Ribeiro junto ao STF. A relatora do inquérito será a ministra Carmen Lúcia.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV)