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Em uma ação inédita e abusiva, a reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) está cobrando a Associação de Docentes da Ufes (Adufes Seção Sindical do ANDES-SN) por supostos “prejuízos” causados durante a greve da categoria realizada este ano. A administração da universidade emitiu dois boletos bancários ao sindicato, um no valor de R$ 208 mil e outro de R$ 20 mil.

O primeiro é relativo a um ressarcimento à Ufes pelo pagamento de empresas terceirizadas que não teriam prestado a totalidade dos seus serviços em razão da greve e do impedimento de entrar na instituição. O segundo repassa à seção sindical os descontos que a administração universitária concedeu nos contratos de aluguel das cantinas e copiadoras do campus de Goiabeiras.

“Essa ação é inédita na Adufes SSind. Não temos informações sobre se algo parecido já aconteceu em outras greves do ANDES-SN. É muito grave, porque cria um precedente extremamente perigoso para a categoria docente e o seu direito à greve”, afirmou a presidenta da Adufes, Ana Carolina Galvão.

Em asembleia, a categoria docente da Ufes interpretou a cobrança como uma continuidade do processo de criminalização dos professores, do instrumento legítimo de greve e da luta sindical. A plenária foi unânime em considerar que não há nada devido à universidade e definiu ações de resposta ao que considerou um ataque da reitoria. A assembleia aprovou ainda uma série de ações para sensibilizar sobre essa postura abusiva e a diretoria do ANDES-SN também está avaliando quais medidas serão adotadas.

“O ANDES-SN, não só juridicamente, mas sobretudo politicamente, vai dar todos os embates para que essa postura esdrúxula por parte da reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo seja exposta e denunciada com vistas a poder ter um recuo dessa postura”, comentou o presidente do ANDES-SN, Gustavo Seferian.

Entenda o caso

Segundo a Adufes, a universidade argumenta que houve um bloqueio para a entrada na universidade durante a greve, O que seria ilegal. No entanto não há qualquer ação contra a seção sindical em função de ter realizado uma atividade abusiva. Inclusive, no fim de agosto, foi encerrada uma Ação Civil Pública, movida pelo Ministério Público Federal (MPF), contra a Adufes, que tratava da questão.

“A  greve não foi considerada ilegal, não há nenhuma jurisdição, não teve nenhuma ação contra Adufes SSind que a condene por ter feito um bloqueio ilegal, por estar fazendo uma ação abusiva”, ressaltou a presidenta da seção sindical.

“Muito pelo contrário, a greve foi reconhecida por legítima, socialmente e pelo próprio governo federal, chegou a um bom termo com a assinatura de acordo entre as entidades envolvidas e, nada das suas ações, em qualquer rincão do país, foi ou pode ser considerada como abusiva ou que fuja o exercício desse direito, que é o direito de greve”, completou o presidente do ANDES-SN.

(Assessoria de Comunicação da ASPUV a partir de texto do ANDES-SN)