42º Congresso do ANDES-SN reúne mais de 600 docentes: ASPUV está na atividade
Mais de 600 professores de todo o país estão em Fortaleza (CE), para participar do 42º Congresso do ANDES-SN, maior instância deliberativa da categoria docente nacional e que teve início nessa segunda-feira (26). Este ano, a atividade traz como tema central Reverter as contrarreformas, em defesa da educação, dos serviços públicos, das liberdades democráticas e direitos sociais. Ao longo da semana, vão ser debatidas e deliberadas questões fundamentais para as lutas em 2024.
A ASPUV está presente no Congresso com o delegado representante da diretoria Newton Sanches (docente no campus Florestal) e os observadores Mônica Pirozi (Viçosa) e Lucas de Souza Soares (Rio Paranaíba).
Abertura do 42º Congresso do ANDES-SN
A abertura do Congresso contou com a presença de diversas entidades sindicais, coletivos e movimentos sociais, que destacaram a luta dos trabalhadores contra o desmonte do Estado. O presidente do ANDES-SN, Gustavo Seferian, saudou a Associação de Docentes da Universidade Federal do Ceará (Adufc – Seção Sindical do ANDES-SN), organizadora do evento, e os participantes. Seferian reafirmou os desafios do sindicato nacional em defesa das liberdades democráticas, do serviço públicos, das instituições públicas de ensino e do trabalho docente.
Já a presidenta da Adufc SSind, Irenísia Torres de Oliveira, reforçou a importância daquele espaço: “acho essa mesa muito especial, a mesa de abertura, porque aqui se mostra uma coisa mais concreta da nossa solidariedade: o plano geral de lutas se constrói antes, aqui nessa mesa com as falas, com as dores de todos nós, as lutas ganham uma dimensão real, projeta essa solidariedade, a nossa própria luta, que não é a luta corporativa de forma alguma, mas uma luta pela transformação social”.
“É um momento muito esperado pelo nosso sindicato, em acolher de braços abertos a Adufc e Adufscar como novas seções sindicais do ANDES-SN. Há um golpe que esse sindicato sofreu com a fratura e o desgarrar de parte expressiva das suas bases nas universidades federais e que, paulatinamente, um processo de conscientização, mobilização das bases vem apontando em sua reversão, no somar cada vez mais crescente de professores e professoras a esse projeto, a essa concepção de sindicato que, em 43 anos, se afirmou e que, reconhecida a sua unidade e indispensabilidade enquanto ferramenta, vai seguir se fortalecendo”, finalizou o presidente do ANDES-SN..
Homenagens e lançamento da revista Universidade e Sociedade
Ainda na plenária de abertura, ocorreu uma homenagem à ex-presidenta do ANDES-SN (2012-2014), Marinalva Oliveira, falecida no dia 27 de outubro de 2023. Marinalva foi relembrada pelos filhos, Andrew e Gabriel, como uma grande referência em suas vidas. Um trecho do documentário Narrativas Docentes: Luta das Mulheres, que tem como protagonistas as mulheres que fazem parte da história do sindicato, também foi exibido.
O docente Alex Soares, que era vinculado à Universidade Estadual do Ceará (Uece), também foi homenageado. Soares faleceu em 26 de dezembro de 2023 e deixou uma grande contribuição ao movimento sindical, tendo atuado como dirigente do ANDES-SN e do Sindicato dos Docentes da Uece (Sinduece SSind).
Durante a abertura, ainda foi lançada a 73ª edição da revista Universidade e Sociedade, que traz como tema História do movimento docente nos 60 anos de luta e resistência à ditadura empresarial-militar. A publicação semestral é um importante instrumento de divulgação e formação do ANDES-SN. Para ler a publicação, clique aqui.
Plenária debate conjuntura e movimento docente
Ainda nessa segunda, foi realizada a primeira temática do Congresso. A plenária começou com um ato de docentes negros em apoio à diretora do ANDES-SN e professora da Ufes, Jacyara Paiva, que sofre uma ameaça de exoneração. “Nós, docentes negras e negros da base do ANDES-SN, estamos aqui para dizer que o povo negro fica e vai ocupar todos os espaços da educação pública do país. Fazemos uma convocação à essa plenária para se juntar à luta. Povo Negro, fica, Jacyara, fica!”, disse Rosineide Freitas, professora da Uerj.
Antes de iniciar os debates, a plenária também aprovou por unanimidade uma moção de repúdio ao genocídio contra o povo palestino, entendendo que a conjuntura internacional exige um posicionamento forte do 42º Congresso já no seu primeiro dia. Habitualmente, as moções são aprovadas na plenária de encerramento.
“Doze universidades foram bombardeadas, todas em Gaza, são a Universidade Islâmica de Gaza, Universidade Al-Azhar, Universidade Aberta Al-Quds, Universidade de Ciências Aplicadas, Universidade da Palestina, Universidade Al-Israa, Universidade de Gaza, Universidade Al-Aqsa, Colégio Técnico Palestino, Colégio de Enfermagem Palestino e Colégio Árabe de Ciências Aplicadas. Todas essas universidades não existem mais. São 230 professores e professoras e cientistas que foram mortos. São 230 que são as colegas nossos”, destacou a professora da Unb, Muna Muhammad Odeh, de origem palestina.
Iniciando os debates da plenária, foram apresentados 9 dos 11 textos enviados ao Caderno do Congresso. Os autores colocaram as suas análises ao plenário e, na sequência, foram garantidas 30 falas de participantes.
Quase todos os posicionamentos destacaram a relevância de seguir na luta por carreira, pela recomposição salarial e por melhores condições de trabalho, além da importância da articulação nos fóruns de servidores federais, estaduais e municipais. A greve forte e contundente dos professores da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), iniciada em 2 de janeiro, foi apontada como exemplo de luta em 2024. A categoria deflagrou o movimento após não conseguir avançar nas negociações pela recomposição dos salários, corroídos em mais de 68%, e contra os ataques à carreira impostos pelo governo de Rafael Fonteles (PT).
Várias das análises também ressaltaram a necessidade de seguir se posicionando contra o genocídio do povo palestino, o extermínio dos povos indígenas, negro, pessoas trans e travestis.
“A primeira plenária apresentou elementos importantíssimos de análise de conjuntura para atualização do nosso plano de lutas. A base conseguiu expressar suas diferentes posições, apresentando uma compressão crítica das diferentes opressões estruturais, que atravessavam a classe trabalhadora docente dentro de universidades, institutos federais e Cefets. Tivemos inúmeras manifestações de solidariedade à Palestina, com a aprovação de uma moção, mostrando que nosso sindicato permanece atento à conjuntura internacional. Por fim, ainda merece destaque a greve da Uespi, que anima toda a categoria a permanecermos combativas, combatives e combativos na luta pela reestruturação da carreira docente, seja nas instituições estaduais e municipais, seja nas federais”, avaliou a primeira vice-presidenta da Regional Nordeste I do ANDES—SN, Letícia Nascimento, que presidiu a plenária.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV a partir de texto do ANDES-SN)