STF suspende em caráter liminar ações arbitrárias nas universidades
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, concedeu liminar suspendendo atos judiciais e administrativos em universidades contra a livre manifestação de pensamento. A decisão, em caráter de urgência, busca evitar que as ações de censura e perseguição a docentes e alunos, realizadas nos últimos dias, multipliquem-se. Enviada ao presidente do STF, ministro Dias Toffoli, a medida cautelar poderá ser submetida ao plenário.
Publicada no sábado (27), a decisão suspende “os efeitos de atos judiciais ou administrativos, emanados de autoridade pública que possibilite, determine ou promova o ingresso de agentes públicos em universidades públicas ou privadas, o recolhimento de documentos, a interrupção de aulas, debates ou manifestações de docentes e discentes universitários, a atividade disciplinar docente e discente e a coleta irregular de depoimentos desses cidadãos pela prática de manifestação livre de ideias e divulgação de pensamento nos ambientes universitários”. A decisão pontuou ainda que atos que “restrinjam o direito de livremente expressar pensamentos e divulgar ideias são insubsistentes juridicamente por conterem vício de inconstitucionalidade”.
Na sexta-feira (26), os ministros do tribunal, Marco Aurélio Mello e Luiz Roberto Barroso, já haviam se posicionado sobre os casos. “O saber pressupõe liberdade, liberdade no pensar, liberdade de expressar ideias. Interferência externa é, de regra, indevida. Toda interferência é, de início, incabível. Por isso é perigosa, em termos de Estado Democrático de Direito. Esse é o meu pensamento”, avaliou Mello ao portal G1. Já o ministro Barroso disse que, embora não se pronuncie sobre casos concretos, “a polícia, como regra, só deve entrar em uma universidade se for para estudar”.
Para a primeira vice-presidente da Regional Rio de Janeiro do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), a decisão do STF, ainda que em caráter liminar, sinaliza um posicionamento em defesa da democracia, do respeito à autonomia universitária e ao livre pensar. “Neste momento de avanço do fascismo, é muito importante que a mais alta corte do país se posicione neste sentido”, avaliou.
Já o presidente do sindicato, Antonio Gonçalves, destacou a luta empreendida em defesa da democracia, da universidade pública e contra o fascismo realizada juntamente a outras entidades representativas dos trabalhadores da educação pública e estudantis. “Protagonizamos uma reação à altura da gravidade da situação, o que resultou na decisão judicial que proíbe tais ações policiais em instituições de ensino superior. Continuaremos nas ruas e não aceitaremos nenhum retrocesso”, conclui.
Foto em destaque: protesto contra a censura na UFF. Crédito: Zulmair Rocha – Aduff
(Assessoria de Comunicação do Andes com edições da Assessoria de Comunicação da Aspuv)