Invisibilidade e outras barreiras enfrentas pelas mulheres na ciência são discutidas em palestra, na Aspuv
O cenário está mudando, mas gradualmente. É assim que a vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Vanderlan Bolzani, avalia a questão da desigualdade de gênero nas ciências brasileiras. Em palestra realizada pela Aspuv na noite da última sexta-feira (16), com o título Mulheres na ciência e tecnologia: Por que ainda somos tão poucas, a professora traçou um histórico da presença feminina na área, destacando nomes pioneiros, a falta de reconhecimento de grandes cientistas mulheres e os desafios ainda encontrados.
Bolzani debateu como as mulheres enfrentam a invisibilidade e diversas barreiras para atuar nesse campo. Entre os exemplos históricos citados, está o da química inglesa Rosalind Franklin. Pesquisas de Franklin levaram à descoberta da dupla hélice do DNA. No entanto o reconhecimento recaiu apenas sobre três cientistas homens, agraciados, inclusive, com o Nobel de Medicina pelo trabalho.
Apesar dos avanços nos últimos anos, as dificuldades persistem, também lembrou a palestrante. Bolzani destacou que, no Brasil, a presença feminina na área cresceu, como mostram números do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Mas elas ainda são minoria entre os cientistas considerados de “alto nível de produção” e enfrentam dificuldade de inserção em áreas tradicionalmente masculinas, como as ciências exatas.
Em sua fala, Bolzani destacou também a grave situação financeira vivida pela área de ciência e tecnologia no país. Os cortes orçamentários feitos pelo Governo Federal colocam em risco o andamento de diversas pesquisas e impedem que o Brasil possa avançar em áreas estratégicas: “nós não temos futuro. É como se não houvesse mais ciência e tecnologia no país (…). O Estado é que fomenta a pesquisa de qualidade em qualquer lugar do mundo”, disse. Para 2018, o orçamento de custeio e investimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações é 25% a menos do que o aprovado para 2017 e representa cerca de um terço de anos anteriores.
A atividade teve mediação da professora do Departamento de Ciência Sociais, Daniela Alves. Contou ainda com participação do grupo Mulheres com Ciência/UFV, projeto que debate a presença feminina no meio acadêmico e no científico.
A atividade integrou a programação da Aspuv alusiva ao mês da mulher. A palestra completa está disponível no canal da Aspuv no Youtube. Para assistir, é só clicar neste link.
(Assessoria de Comunicação da Aspuv)