Começa, nesta segunda, 37º Congresso do Andes: situação orçamentária das federais e reforma da Previdência estão entre os temas tratados
Os cortes orçamentários sofridos pelas Instituições de Ensino Superior Federais e Estaduais, a privatização do ensino público, o projeto de reforma da Previdência e os ataques aos direitos dos trabalhadores estão entre os temas que vão ser debatidos no 37º Congresso do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), que começa nesta segunda-feira (22), em Salvador. Com o tema Em defesa da educação pública e dos direitos da classe trabalhadora. 100 anos da reforma universitária de Córdoba, a atividade reunirá mais de 500 professores de todo o país até o próximo sábado (27).
O congresso é a instância máxima de deliberação do sindicato nacional. Durante os seis dias de atividade, serão definidas as políticas prioritárias do Andes para 2018, debatidas as conjunturas nacional e internacional, além de apresentados os nomes que comporão as chapas participantes das eleições para a diretoria do sindicato (biênio 2018-2020), que serão realizadas em maio. “O 37º Congresso acontece em um momento importante da conjuntura do nosso país, no qual vivemos um dos maiores ataques à classe trabalhadora e à educação pública, com o conjunto de retrocessos em curso. Por isso, nosso principal desafio é pensar estratégias de luta, que ampliem a mobilização docente na defesa das universidades públicas, mantendo a autonomia e a organização pela base do nosso sindicato”, afirmou a presidente da entidade, Eblin Farage.
O 37º Congresso do Andes é organizado em parceira com a Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia (Aduneb). A Aspuv é representada por quatro professores, sendo um delegada e três ouvintes.
Acesse aqui o Caderno de Textos do congresso e aqui o seu anexo.
Cem anos da Reforma de Córdoba
No início do século XX, a Argentina passava por importantes transformações. Jovens da recentemente formada classe média urbana começavam a acessar a universidade. Em 1916, Hipólito Yrigoyen foi eleito presidente por sufrágio universal masculino pela primeira vez na história do país. As estruturas da educação, entretanto, eram conflitantes com as mudanças do novo século.
A Universidade de Córdoba era então dirigida pela oligarquia rural católica. O recém-constituído movimento estudantil da classe média urbana exigia mudanças na estrutura da educação: defendia que os estudantes pudessem participar da gestão da universidade, que os docentes tivessem liberdade de cátedra e que a instituição cumprisse um papel social para fora de seus muros. O movimento cobrava ainda que a universidade tivesse autonomia de gestão e que houvesse eleições para os cargos de comando.
Respondendo a algumas das reivindicações estudantis, o presidente Yrigoyen nomeou o Procurador Geral da Nação como interventor na universidade. Este, por sua vez, iniciou uma mudança no estatuto da instituição e chamou eleições, mas apenas entre os docentes. Em 15 de junho de 1918, com o candidato jesuíta Antonio Nores eleito reitor, os estudantes começaram um movimento. A administração da universidade foi ocupada e o Manifesto de Córdoba escrito e divulgado pelo país.
Após muita pressão, Nores renunciou, e o presidente nomeou um novo interventor, desta vez, o ministro da justiça, José Salinas. Em 12 de outubro, Yrigoyen publicou, finalmente, um decreto que respondia às ânsias do movimento estudantil cordobês e democratizava também as demais universidades do país (Buenos Aires, Tucumán e La Plata). O movimento “reformista” se espalhou também pelos outros países do continente. Até hoje, cem anos após a Reforma, suas bandeiras são base de movimentos que defendem a universidade pública na América Latina.
(Assessoria de Comunicação da Aspuv com informações do Andes)