Minas tem cerca de 150 cidades em situação de emergência e risco de rompimento de barragens
Minas Gerais volta a sofrer, durante o período chuvoso, as consequências de atividades econômicas predatórias e da negligência governamental. Até esta segunda-feira (10), o estado contabilizava 154 cidades em situação de emergência. De outubro para cá, são 19 mortes e cerca de 16 mil desabrigados e desalojados em decorrência das chuvas. Há também o risco iminente do rompimento de barragem.
A Prefeitura de Pará de Minas emitiu alerta para um possível rompimento da barragem hidrelétrica da Usina do Carioca e o Corpo de Bombeiros orientou a evacuação imediata da população que vive nas proximidades dos Rios São João e Pará. No sábado (08), um dique da Barragem da Mina de Pau Branco, da empresa Vallourec, transbordou, o que causou a interdição temporária de um trecho da BR-040 próximo a Nova Lima. A Justiça impôs à Vallourec uma série de medidas, como a suspensão das suas atividades no local. Já o Ministério Público pediu o bloqueio de R$ 1 bilhão das contas da empresa, cobrando providências para “conter os danos ambientais e sociais” causados pelo vazamento.
Enquanto o cenário vive tantas tragédias, o ministro do desenvolvimento regional, Rogério Marinho, escolhido por Bolsonaro para representar o Governo Federal no apoio às famílias vítimas das chuvas, está em férias desde a última quarta-feira (5).
Problemas históricos e falta de investimentos
Regiões de Minas já registram um volume de chuvas maior do que o esperado para todo o mês. Mas a destruição, vista também em outros estados como a Bahia, não é fruto da ação isolada da natureza e, sim, de problemas estruturais, históricos, do modelo econômico predatório (como a mineração) e da negligência governamental.
Um exemplo é o que aconteceu em Capitólio. A ação das chuvas e trombas d´água podem ter acelerado a queda de um paredão no Lago de Furnas, que matou dez pessoas. Mas especialistas alertam que vistorias e estudos geológicos prévios poderiam ter constatado a questão e evitado a tragédia. Também falta regulamentação sobre o turismo, que avança sem a devida fiscalizações e sem normas de segurança adequadas.
“O Brasil explora muito o seu turismo em locais de interesse geológico, somos muito ricos nisso. Os laudos geológicos e geotécnicos, que caracterizam se um local é ou não de risco, precisam ser encaminhados e ter o suporte das autoridades. É fundamental ter um efetivo de geólogos e geotécnicos realizando esse parecer para a liberação dessas áreas. É necessário também que os órgãos públicos aumentem a elaboração desses laudos para ampliar a percepção de risco da população e da própria equipe de agência de turismo que executam”, disse a professora de geologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Joana Sanches, à CNN.
As barragens, por sua vez, são um problema já histórico no estado, que ganhou especial repercussão de 2016 para cá com o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, e do Córrego do Fundão em Brumadinho, em 2019. Segundo boletim da Agência Nacional de Mineração (ANM), em dezembro de 2021, o país tinha 40 barragens em nível de emergência. Dessas, três, todas em Minas, estão no nível 3, o que significa situação de “ruptura iminente ou em curso”.
Medidas preventivas; como políticas habitacionais para a construção de moradias, regularização de bairros, investimentos em infraestrutura e sistemas de prevenção; poderiam evitar ou minimizar as tragédias neste período de chuva. Mas está não é uma política permanente do governo. Segundo o jornal O Globo, o orçamento federal para ações relacionadas a desastres caiu 75% em 2021.
Solidariedade
Em Minas, diversas ações de solidariedade estão recolhendo ações para as vítimas das chuvas. Batalhões, quartéis e bases comunitárias da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros e as delegacias da Polícia Civil de todo o estado estão recebendo água, alimentos não perecíveis, cobertores, colchões, roupas de cama, itens de higiene pessoal e materiais de limpeza.
O Sind-UTE/MG também está realizando uma campanha. É possível doar via transferência bancária ou PIX (Banco CEF: 104 agência 0086; Operação 003; conta: 502471-8 ou PIX: CNPJ 65.139.743/0001-92) e deixar alimentos não perecíveis, colchões, roupas de cama e materiais de limpeza nas subsedes do sindicato.
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(Assessoria de Comunicação da ASPUV a partir de texto da CSP-Conlutas com acréscimo de informações)