Palestrantes apontam importância e dificuldades em se debater e implantar políticas étnico-raciais nas universidades
Aproveitando o Dia da Consciência Negra, a Aspuv realizou, nessa segunda-feira (20), um debate alusivo à data. Dois docentes convidados fizeram, cada um, uma palestra e, na sequência, a discussão foi aberta ao público. O professor do Departamento de Ciências Sociais da UFV, Sales Augusto dos Santos, falou sobre “20 de Novembro: a consciência negra na universidade”. Já o da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Paulino Cardoso, debateu o tema “Luta antirracista e experiência democrática no Brasil contemporâneo”.
A primeira fala foi a do professor Sales. Ele lembrou que os conteúdos referentes à história e à cultura afro-brasileiras devem ser ministrados “no âmbito de todo o currículo escolar”, conforme preconiza a Lei 11.645 de 2008. No entanto essa é uma realidade distante de diversas instituições de ensino, inclusive universidades. Pegando exemplos da própria UFV, mostrou como a questão ainda não é tratada com o devido rigor, apontando, por exemplo, que, muitas vezes, a discussão sobre questões étnico-raciais fica a cargo de disciplinas de graduação optativas, ou seja, que não serão feitas por todos os alunos. Na avaliação dele, enquanto não se assumir que o assunto não é abordado como deveria, a universidade não conseguirá avançar de maneira consistente na construção de um ambiente de igualdade racial.
Em seguida, o professor Paulino relatou sua experiência participando de movimentos de pesquisadores negros e o papel que essas associações tiveram e têm para a criação de políticas antirracistas. Na avaliação dele, ações afirmativas para o enfrentamento ao racismo nas universidades só se tornaram possíveis graças à presença de professores negros organizados. Destacou também a importância de se criar espaços que congreguem os negros nas instituições acadêmicas, tendo eles o papel de traduzir as demandas existentes em políticas públicas e fortalecer a luta antirracista. O docente terminou sua fala alertando que a série de medidas em curso no país, que desmontam os serviços públicos e as políticas sociais, afeta especialmente a população negra, ainda em condição mais vulnerável, em diversos âmbitos, do que à branca no Brasil.
(Assessoria de Comunicação da Aspuv)