Somente em imóveis, venda dos Correios entregará R$ 5 bi à iniciativa privada
Somente em imóveis, os Correios acumulam um patrimônio de mais de R$ 5 bilhões. São 2.500 edificações, algumas localizadas em áreas nobres das principais cidades do país e que cairão no colo de um só comprador, caso a estatal venha mesmo a ser privatizada.
Segundo reportagem do portal The Intercept Brasil, a carteira de imóveis da empresa é variada. Há construções empresariais, históricas, imensos galpões logísticos, terrenos e agências. Para se ter ideia da amplitude dos bens, a empresa é a única a ter unidades em todos os municípios brasileiros. Entre os seus principais imóveis, estão a sede da estatal em Brasília, avaliada em R$ 360 milhões. Imóveis em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belém também extrapolam a faixa de R$ 1 milhão e estão localizados entre as áreas de metragem mais cara do país.
As informações trazidas pela reportagem do portal dão a dimensão do caráter entreguista e criminoso da venda dos Correios, já aprovada na Câmara dos Deputados e que, aguarda, agora, análise no Senado. A ideia do governo de Jair Bolsonaro é vender 100% da empresa até março de 2022.
Correios maquia os dados
A última avaliação minuciosa dos imóveis dos Correios ocorreu em 2014, revelando um patrimônio de R$ 5.692. 951 bilhões em imóveis. Desde então, os valores vinham caindo lentamente, até alcançarem R$ 5.237.853 bilhões em 2019. No entanto, em 2020, quando projeto de privatização foi elaborado, a empresa apresentou uma avaliação de imóveis que revelou um valor muito abaixo do real e que não corresponde à realidade de valorização do mercado imobiliário no período: R$ 3.850 bilhões, ou seja, um tombo de 26% em apenas um ano.
Contra a venda dos Correios!
O Andes-SN é totalmente contra a venda dos Correios, independente dos valores praticados pelo governo. A estatal é uma empresa estratégica e fundamental para a soberania nacional e garantia de direitos. Além de deixar localidades desassistidas, a privatização implicará aumento nos preços praticados e a demissão em massa de, ao menos, 60 mil trabalhadores e trabalhadoras.
Esta semana, em entrevista ao jornal Valor, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), admitiu que o projeto encontra resistência na casa. Os senadores não querem assumir a relatoria da proposta, função que permanece vaga.
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(Assessoria de Comunicação do Andes-SN com edições da ASPUV)