MPF processa ex-ministro Weintraub por mentiras sobre as universidades
Após uma série de mentiras sobre as universidades, o Ministério Público Federal (MPF) acionou o ex-ministro da educação, Abraham Weintraub, por improbidade administrativa. O processo aponta um conjunto de informações incorretas ou distorcidas proferidas por Weintraub enquanto esteve à frente da pasta. Para o MPF, as declarações tiveram o propósito explícito de desacreditar o serviço prestado pelas instituições de ensino. Se condenado, o ex-ministro pode ter seus direitos políticos suspensos e pagar multa.
Plantações de maconha, zebra gorda e balbúrdia
Entre a coleção de mentiras, ganhou especial repercussão a de que as universidades cultivariam maconha, declaração feita em entrevista ao Jornal da Cidade. Não bastasse, o ex-ministro repetiu a afirmação durante audiência pública, na Câmara dos Deputados, e enviou cópias de reportagens que falavam sobre a apreensão de maconha na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dentro do quarto de um aluno; na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e em área próxima à Universidade de Brasília (UNB). “Vê-se, portanto, que a suposição genérica do ministro se deu a partir de casos simplórios, pontuais e isolados de consumo e tráfico de drogas em ambientes universitários”, destacou o MPF.
Weintraub, por inúmeras vezes, também acusou professores, técnicos e estudantes de serem doutrinadores e desperdiçarem dinheiro público. Chegou a chamar os docentes de “zebras gordas”. Acusou ainda as universidades de fazerem “balbúrdia” e de possuírem uma “cracolândia”, atacando especialmente os cursos de Ciências Humanas. Tudo isso sem qualquer dado ou prova, que pudesse embasar as declarações.
Falas atacam reputação das universidades
Para o MPF, as declarações atacam a reputação das universidades: “’o aporte de recursos, investimentos em pesquisas, oferta de bolsas a acadêmicos, por parte de organismos internacionais ou instituições congêneres estrangeiras, depende, sobretudo, da boa imagem das instituições de ensino, notadamente as de graduação, o que deve ser objeto de defesa pelo Ministério da Educação”. Segundo o processo, a conduta do ex-ministro é um “claro dano à imagem e à dignidade das comunidades que as compõem e, portanto, nítida violação dos princípios da moralidade e da lealdade às instituições, aos quais se sujeita o agente público”.
Ao pedir a condenação de Weintraub, o MPF sustenta que as falas de um ministro de Estado sobre questões afetas à sua competência possuem um peso muito relevante. Nesse cenário, presume-se que a mais alta autoridade nacional na área tenha pleno conhecimento e suficiência de informações técnicas sobre os assuntos que coordena.
Gestão de ataques à educação pública
Em julho do ano passado, após uma fuga repentina do país, Abraham Weintraub foi exonerado do Ministério da Educação. A gestão de um ano e dois meses foi marcada por ataques, conflitos e deboche. Discípulo de Olavo de Carvalho, o professor e economista patrocinou o mais violento ataque à autonomia universitária ao apresentar o Future-se. Foi um mandato marcado pelo contingenciamento de verbas para a educação e corte em bolsas de pesquisa. Também faz parte do seu legado, uma série de ataques racistas e xenofóbicos, além das tentativas de censura aos professores.
O ex-ministro nunca se retratou das falsas acusações feitas.
(Assessoria de Comunicação da ASPU com informações do Andes-SN)