Com baixa adesão das universidades, governo lança 3ª versão do Future-se
Após rejeição da maioria das instituições federais, o governo não desiste de emplacar o Future-se. Foi lançada, no início do mês, a terceira versão do programa, aberta para consulta.
Entre as mudanças propostas, está a de que participantes do Future-se terão preferência na concessão de bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Este ponto é considerado uma pressão política pela adesão. Também é previsto que essas universidades terão prioridade sobre as demais em uma possível liberação de recursos adicionais do Ministério da Educação (MEC).
Outro ponto polêmico se dá sobre a celebração de um “contrato de resultados” entre o MEC e a instituição participante. A pasta ainda vai definir os critérios e indicadores a serem adotados nesta avaliação. A lógica produtivista do programa já era, desde o início, apontada por entidades como o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), que evidencia a ligação direta entre o produtivismo acadêmico e os altos índices de adoecimento docente.
Autonomia universitária em xeque e outros pontos polêmicos do Future-se
Em artigo publicado no jornal O Globo, o presidente da Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), João Carlos Salles, diz que a nova minuta será analisada detalhadamente. Mas expressão sua preocupação: “mantém-se na proposta atual a agressão à autonomia universitária. Continua a interferência na gestão de contratos (por fundações ou organizações sociais), mas também na orientação didático-científica de nossas instituições, com a indicação de disciplinas que devem ser oferecidas ou acrescentadas ou de focos temáticos que terão prioridade”.
Pontos já polêmicos e tidos como perigosos ao papel social das universidades também mantêm o alerta acesso. “A extensão universitária é ignorada; o foco é maior na inovação do que na pesquisa que a possibilita; e o interesse do mercado parece mais relevante que a produção do conhecimento, quando, ao contrário, a produção de conhecimento, cultura e arte envolve relações mais amplas, diversas e generosas com a sociedade, não podendo ser reduzida apenas a indicadores de empregabilidade”, diz outro trecho do artigo.
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*Crédito da foto em destaque: Agência Brasil
(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações de O Globo, Estado de São Paulo e Andes-SN)