Mobilização em Viçosa “vela” a educação e leva ciência para a rua
Viçosa, novamente, uniu-se à mobilização em todo o país em mais um dia de Greve Nacional da Educação, realizada nas últimas quarta (02) e quinta (03).
A programação local contou com duas grandes atividades públicas. Na quarta, ocorreu um ato “velório”, simbolizando a morte da educação e de outros direitos sociais no país. Os participantes se concentram nas Quatro Pilastras, onde houve panfletagem e confecção de cartazes. De lá, desceram em caminhada pelo Centro até a Estação Hervê Cordovil. Muitos vestiam preto e carregavam velas. À frente do cortejo, um caixão era estampado com fotos que remetiam à educação, saúde e Previdência públicas, entre outros.
Ciência na rua
Na manhã do dia seguinte, foi vez de, novamente, romper a “barreira” das Quatro Pilastras, realizando uma mostra científica na Praça Silviano Brandão. Docentes, técnicos e estudantes de diferentes departamentos apresentaram os seus trabalhos de ensino, pesquisa e extensão à comunidade viçosense.
“Mesmo em uma cidade pequena como Viçosa, a cidade ainda não sabe o que a universidade produz, então a gente está aqui com uma mostra com vários produtos científicos, produtos culturais, para as pessoas saberem o que é a universidade”, explicou o diretor da ASPUV, Allain Oliveira.
Chamou a atenção do público um estande do Departamento de Física. Um dos trabalhos apresentados era o Projeto Educação Científica, que veicula spots (pequenos textos informativos) em uma rádio da cidade. No dia, o material estava indo ar ali mesmo, na praça. “A ideia do nosso projeto é levar vinhetas bem curtas sobre ciência no geral. A gente discute coisas como vacinação, qual a sua importância; fenômenos da natureza, arco-íris, raios, trovões; coisas do cotidiano, por exemplo por que o sal dilui em água. A ideia é popularizar a ciência e trazer um pouco a comunidade para próximo tanto da universidade quanto das coisas que acontecem dentro da UFV”, disse o professor Sérgio Mello.
Muita gente que passou pelo local também parou para dar uma olhadinha no microscópio. Por trás, estava uma pesquisa do Departamento de Biologia Geral com resultados muito importantes. A ideia era observar consequências de uma infecção bacteriana em moscas drosófilas. Tradicionalmente, os experimentos do tipo cortam a pontinha das asas dos machos para identificar quais estão infectados, quais não. O problema é que os machos usam as asas para fazer a corte das fêmeas. Foi aí que se decidiu analisar se esse procedimento habitual não afetaria o comportamento dos animais durante a cópula E o resultado mostrou que sim: segundo os testes, as fêmeas preferem os machos com asas inteiras.
“Isso é revolucionário, porque outros trabalhos não levam isso em conta, então a gente teve que bolar um outro jeito de marcar os machos, que é pintar o tórax. Pintou o tórax de alguns e não pintou o de outros. A gente fez o experimento e viu que, nessa espécie, as moscas não preferem os machos pintados ou não-pintados. Então, na hora de fazer os experimentos com as bactérias mesmo, vamos usar um outro método, que não é o método tradicional que se usa”, destacou a professora Karla Yotoko.
Greve Nacional da Educação
Esta nova Greve Nacional da Educação foi convocada por entidades representativas da área. Em diversas cidades do país foram realizadas mobilizações nos dois dias, em defesa da educação e ciência públicas, em especial contra os cortes de bolsas e orçamentários, as interferências na autonomia universitária e o programa Future-se.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV)