Comunidade da UFC se mobiliza após nomeação de reitor perdedor em consulta interna
A comunidade da Universidade Federal do Ceará (UFC) promete mobilização constante em defesa da autonomia universitária após a nomeação de reitor, que não foi o escolhido em consulta interna. Na última semana, o Governo Federal definiu como novo dirigente da instituição o candidato que ficou em terceiro lugar na eleição e em segundo na lista tríplice encaminhada ao Ministério da Educação (MEC).
O professor Cândido Albuquerque obteve apenas 4,6% dos votos de professores, técnicos e estudantes. Foram 610 contra 3.499 do segundo colocado e 7.772 do primeiro.
Em assembleia conjunta, a comunidade da UFC decidiu pela criação e manutenção do Comitê Permanente em Defesa da Autonomia Universitária, composto por integrantes dos três segmentos. O comitê elaborará agenda de atividades diárias em defesa da autonomia universitária até a próxima Assembleia Geral, marcada para a primeira semana de setembro.
Outro ponto deliberado foi a luta pela derrubada do Future-se. O projeto do Governo Federal já havia sido rejeitado pela instituição, mas, agora, o novo reitor promete rever a posição tomada. Em entrevista ao portal Uol, Albuquerque disse que a ideia é aderir à proposta.
Outros ataque à autonomia universitária
O caso da UFC se soma aos outros registrados este ano de ataque à autonomia universitária. Na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), o Governo Federal também nomeou reitores, que não foram os candidatos escolhidos pelas comunidades acadêmicas.
Na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), por sua vez, o MEC indiciou uma reitora interina que não estava na lista nem tinha participado da consulta interna, mas era apoiadora da chapa perdedora.
Intervenção também no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ) com a nomeação de um reitor temporário que nem mesmo pertence ao quadro da instituição, mas era assessor direto do ministro da educação, Abraham Weintraub.
“O que vem acontecendo nas universidades, institutos federais e CEFET é muito grave e desrespeitoso. Desrespeitoso porque não considera a escolha da comunidade acadêmica. Fere a autonomia universitária, fere a democracia interna das instituições e fere a própria constituição. A escolha de candidatos que não foram eleitos pela comunidade demonstra que o projeto passa centralmente pelo autoritarismo, mostrando que o governo quer esmagar a democracia interna e impor uma política de desmonte, privatista e conservadora”, avaliou a primeira secretária do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), Caroline Lima.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações da ADUFC e Andes-SN)