MEC nomeia interventor, que nem mesmo pertence ao quadro da instituição, no Cefet-RJ
O Ministério da Educação (MEC) nomeou um interventor no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ). Maurício Aires Vieira nem mesmo pertence ao quadro da instituição, mas foi designado, por meio de portaria, como diretor-geral temporário. Vieira ocupava, desde maio, a função de assessor e diretor de programas substituto da Secretaria Executiva do MEC, ou seja, cargo diretamente ligado ao ministro Abraham Weintraub.
“Tal intervenção soma-se às outras ocorridas em algumas universidades no Brasil, desde o início desse ano, materializando o conjunto de ataques sobre a educação pública superior federal brasileira e violando os princípios de autonomia e democracia das Universidades, dos Institutos Federais e CEFET”, destacou o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Anfes-SN) em nota, assinada conjuntamente com o Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).
Em processo eleitoral este ano, a comunidade acadêmica do Cefet-RJ elegeu como seu novo diretor-geral o professor Maurício Motta. A consulta interna contou com três candidatos. Um dos derrotados, no entanto, questionou a legitimidade do processo, abrindo margem para a intervenção, segundo a avaliação do Andes-SN. De acordo com o MEC, o processo está sob análise administrativa. Até que seja concluído, foi nomeado o diretor temporário.
Outros casos de ataque à autonomia universitária
Este não é o primeiro caso de ataque à autonomia das instituições federais de ensino este ano. O Governo Federal já nomeou, por três vezes, candidatos derrotados em consultas internas como reitores em universidades: na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e, mais recentemente, na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Interviu também na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), ao colocar uma reitora interina que não estava na lista nem tinha participado da consulta interna, mas era apoiadora da chapa perdedora.
A indicação dos candidatos que não foram os mais votados quebrou uma tradição mantida há anos de seguir as escolhas das comunidades universitárias nas nomeações.
(Assessoria de Comunicação da ASPUV)