Com novo corte, chega a 6.198 número de bolsas da Capes suspensas este ano
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) anunciou, nessa terça-feira (04), o corte de mais 2,7 mil bolsas de pós graduação: 2.331 de mestrado, 335 de doutorado e 58 de pós-doutorado. A medida vale para a concessão de novas bolsas e não afetada as que já estão em vigência. Com este anúncio, vai a 6.198 o total de bolsas de pesquisa suspensas pelo órgão este ano.
Este último congelamento se dá sobre 330 programas de pós-graduação que obtiveram o conceito 3 em duas avaliações consecutivas ou que caíram de nota 4 para 3. Segundo o órgão, nem todas as bolsas dos programas que se enquadram nessa situação foram suspensas. Não foi informado, no entanto, onde especificamente houve as reduções.
Também foi afetado o Programa Institucional de Internacionalização (Print). Das 5.913 bolsas previstas para 2019, o número caiu para 4.139. Além disso, o programa, que teria quatro anos de duração, passa a ter cinco. As 1.774 bolsas, que deixarão de ser oferecidas durante esse período, serão ofertadas em 2023.
Efeito drástico
Em nota, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG) da UFV informou que “o percentual de contingenciamento de bolsas de mestrado e doutorado é de 70% das bolsas dos programas que mantiveram nota 3 nos dois últimos quadriênios de avaliação, e de 30% das bolsas dos programas que tiveram nota 4 no mesmo período. Os programas com notas 5, 6 e 7 não foram atingidos por esta medida específica”. Três programas de pós-graduação serão afetados até o início de 2020. Devem ser congeladas 92 bolsas de mestrado, 20 de doutorado, além de outras de pós-doutorado.
“O contingenciamento é substantivo e o efeito será drástico para os programas afetados, a maioria com menos de 15 anos de existência. A PPG está mantendo diálogo com a Capes na tentativa de gerenciar a situação, que não é simples”, disse a universidade.
Outras bolsas já haviam sido suspensas
A perda de bolsas é uma decorrência do bloqueio orçamentário sofrido pela Capes este ano. No início de maio, o órgão já havia anunciado uma primeira suspensão de bolsas, daquela vez sobre as de estudantes que tinham concluído a pós-graduação e seriam destinadas aos recém ingressos. Na ocasião, a UFV anunciou a perda de 29: 18 de doutorado e 11 de mestrado.
Os cortes na ciência e tecnologia públicas colocam o Brasil na contramão dos países mais desenvolvidos do mundo. No mesmo dia em que a Capes informou a primeira remessa de suspensão das bolsas, o governo alemão anunciou a elevação dos investimentos nos centros de pesquisa e universidades. Serão destinados 160 bilhões de euros ao ensino superior e à pesquisa entre 2021 e 2030. Em média, esse valor representa 2 bilhões de euros a mais por ano na comparação com 2019.
“A escassez e defasagem das bolsas de estudos, com seis anos sem reajuste, impacta a formação de mestres e doutores. Sem bolsa de estudos, não há pesquisa científica e, portanto, não há retomada de crescimento econômico. O número de mestres e doutores no país contribui para alavancar o desenvolvimento nacional. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), enquanto o Reino Unido possui um índice de 41 doutores para cada 100.000 habitantes, o Brasil possuía, em 2015, uma média de apenas 7,6 para mesma proporção populacional. Nos EUA formam-se 8,4 para cada mil habitantes!”, lembrou a Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG) em nota divulgada em seu site.
Atualmente, a bolsa Capes de mestrado é de R$ 1,5 mil e a de doutorado, R$ 2,2 mil por mês.
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– Rádio ASPUV #37 – Ciência e Tecnologia
(Assessoria de Comunicação da ASPUV com informações da Agência Brasil e G1)