Como a reforma da Previdência vai impactar a sua vida?
A reforma da Previdência, apresentada pelo Governo Federal, representa um forte golpe contra os trabalhadores. A proposta deixa mais duras as regras para conseguir a aposentadoria. Mexe ainda na fórmula de cálculo do benefício.
Em resumo: será preciso trabalhar muito mais para receber bem menos na velhice.
Confira abaixo um pouco do que está por vir e por que devemos nos mobilizar contra a reforma!
Com a reforma, quando será possível pedir a aposentadoria?
O projeto de reforma da Previdência estabelece as seguintes regras para se ter acesso à aposentadoria:
Idade mínima: 62 anos para mulheres e 65 para homens; 60 anos para trabalhadores rurais e professores do ensino básico; 55 para policiais civis, federais, agentes penitenciários e socioeducativos. Vale destacar que essa idade mínima vai subir em 2024 e, a partir daí, de quatro em quatro anos.
Tempo mínimo de contribuição: 20 anos para trabalhadores da iniciativa privada e 25 do serviço público; 20 para trabalhadores rurais; 30 para professores do ensino básico e de 25 a 30 para policiais e agentes (varia de acordo com a categoria).
Como fica para quem já contribui?
O projeto prevê regras de transição nos próximos anos. Confira as propostas:
Trabalhadores da iniciativa privada:
Para esses trabalhadores, são três modelos de transição:
Tempo de Contribuição + Idade
A soma da contribuição à idade deve ser de 96 para homens e 86 para mulheres em 2019 (com mínimo de 35 anos de contribuição para eles e 30 para elas). O total dessa soma deve aumentar um ponto a cada ano. Para homens, chegar a 105 em 2028 e para mulheres a 100 em 2033.
Tempo de Contribuição + Idade Mínima
A idade mínima para se aposentar chegará a 65 anos para homens, e 62 anos para mulheres, após um período de transição. Ele vai durar 8 anos para eles e 12 anos para ela, começando em 61 anos (homens) e 56 anos (mulheres).
Tempo de Contribuição
Poderá pedir a aposentadoria por esta regra quem estiver a 2 anos de completar o tempo mínimo de contribuição (35 anos para homens e 30 anos para mulheres). Haverá um pedágio de 50% sobre o tempo que falta para se aposentar. Assim, se faltam dois anos, o trabalhador deverá contribuir por mais um ano.
Servidores públicos:
Para os servidores, só há um modelo de transição. É um sistema de pontos, que equivale à soma da idade ao tempo de contribuição, sendo 86 pontos para mulheres e 96 para homens em 2019. Haverá elevação progressiva até se atingir o limite de 100 pontos para as mulheres (em 2033) e 105 para os homens (em 2028).
Além disso, será preciso obedecer aos seguintes requisitos:
- 56 anos de idade, se mulher, e 61 se homem (com elevação da idade mínima para 57 anos para mulheres e 62 para homens a partir do dia 01º de janeiro de 2022);
- 30 anos de contribuição, se mulher, e 35 se homem;
- 20 anos de efetivo exercício no serviço público;
- 05 anos no cargo efetivo em que se der a aposentadoria.
Como ficará o valor das aposentadorias?
A reforma muda também a forma de cálculo das aposentadorias. Com ela, para se ter acesso ao benefício integral, será preciso contribuir por 40 anos! Bom lembrar que não são necessariamente 40 anos de trabalho e sim de trabalho formal com a devida contribuição!
A reforma mexe só com as aposentadorias?
Não. A reforma altera outros benefícios como a pensão por morte, que poderá ser menor que um salário mínimo! Pelo projeto, o valor do benefício passa a ser de 60% mais 10% por dependente adicional (limitado ao valor de 100%). Por exemplo, um casal de idosos sem filhos. Se o marido morrer, a mulher terá direito a apenas 60% da aposentadoria que ele recebia.
A reforma como proposta é mesmo necessária?
O Governo Federal alega que existe um rombo nas contas da Previdência, por isso a reforma seria necessária. Mas isso é uma MENTIRA!
O que acontece, na verdade, é que o governo quer jogar sobre o trabalhador o peso da má gestão dos recursos da Previdência e beneficiar, dessa forma, os grandes empresários e o setor financeiro. Veja só alguns números:
- Grandes empresas devem R$ 450 bilhões à Previdência (fonte: CPI da Previdência);
- Entre 2005 e 2014, R$ 500 bilhões que deveriam ir para a Previdência foram desviados para outros fins (fonte: Anfip).
Com a reforma, o destino de milhões de brasileiros será trabalhar a vida inteira e morrer sem se aposentar!
O que é o regime de capitalização?
Hoje, a Previdência pública brasileira é um sistema solidário, ou seja, todos os participantes contribuem sem distinção para que ele possa funcionar. A Previdência tem três fontes de arrecadação: as contribuições dos trabalhadores, as dos patrões e as do Estado.
Já o regime de capitalização, que o governo pretende adotar, é um modelo privado, no qual cada trabalhador deposita, ao longo da sua vida, uma certa quantidade. Quando se aposentar, terá aquele valor determinado. Nesse sistema, não entram as contribuições dos empregadores! E ainda: por se tratar de um modelo privado, não há qualquer garantia de que a empresa não vá falir ou dar o calote no trabalhador!
Países vizinhos do Brasil adotaram o regime de capitalização há alguns anos e o estrago foi tão grande que agora estão revendo o modelo! O caso mais famoso é o do Chile, onde oito em cada 10 aposentados vivem com menos de um salário mínimo e o número de idosos que cometem suicídio é assustador!
É esse o futuro que queremos para o nosso país?
(Assessoria de Comunicação da ASPUV)