Aspuv

Seção Sindical dos Docentes da UFV
(Reprodução)



As universidades públicas são as grandes responsáveis pela produção científica brasileira. Foi isso o que apontou um relatório da organização Clarivate Analytics, disponibilizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e que trata sobre pesquisas científicas realizadas no país entre 2011 e 2016. Das 20 instituições brasileiras com as maiores produções, 15 são universidades federais e cinco estaduais. A UFV aparece na lista apresentada no documento (confira quadro ao lado).



“A predominância absoluta das universidades públicas na produção de Ciência e Tecnologia (C&T) no Brasil deveria implicar maior investimento no setor e não o corte de orçamento, que é o que vêm fazendo os últimos governos. É também um dos fatores ligados ao custo das instituições públicas, que procuram manter o tripé ensino, pesquisa e extensão. Nas instituições privadas, o que se tem é apenas ensino (…). Mais um motivo para enfrentar o falacioso relatório do Banco Mundial, que defende a diminuição de investimentos estatais e o aprofundamento da privatização das universidades públicas brasileiras”, analisou o terceiro tesoureiro e um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Ciência e Tecnologia (GTCT) do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Epitácio Macário.



Ainda segundo o estudo, quantitativamente, o Brasil é o 13º maior produtor de publicações do tipo no mundo. No período analisado, o país enviou cerca de 250 mil papers à base de dados internacional Web of Science, número próximo ao de países como a Holanda (242 mil), mas muito inferior aos primeiros colocados da lista, como os Estados Unidos (2,5 milhões), China (1,4 milhão) e Reino Unido (740 mil). Macário, no entanto, fez também uma ressalva em relação ao caráter quantitativo do relatório: “a avaliação baseada somente no número de papers publicados internacionalmente é insatisfatória, faz parte de um modelo gerencialista que se tenta impor sobre as universidades públicas e é caudatária da dependência técnica, científica e cultural de países latino-americanos. A relevância social do conhecimento produzido fica às escondidas, enquanto é realçada apenas a quantidade de papers”.





Cortes na ciência e tecnologia

Uma das áreas mais afetadas pelo corte de gastos do Governo Federal é a de ciência, tecnologia e inovação. Após um 2017 de grandes dificuldades para o setor, o cenário que se desenha para 2018 é ainda mais complicado: queda de 19% no orçamento para a pasta em comparação com o ano anterior.
Em 2017, os cortes e contingenciamentos na área colocaram em risco a continuidade de diversos programas estratégicos para o país, alertou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O pagamento de cerca de 110 mil bolsas de pesquisa também ficou ameaçado. Em agosto, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) chegou a falar que não havia recursos para arcar com a despesa até o fim do ano. Após muita repercussão do caso, a verba foi liberada.



Caderno do Andes

A produção científica brasileira é o tema de uma publicação recente do Andes: o Caderno 28, que traz como tema Neoliberalismo e Política de C&T no Brasil: Um balanço crítico (1995-2016). Entre outros pontos, ele destaca o baixo investimento do país na área e critica o que chamou de “modelo gerencialista”, que “inviabiliza o desenvolvimento de uma cultura acadêmico-cientifica brasileira”.
O Caderno completo está disponível aqui.


(Assessoria de Comunicação da Aspuv com informações do Andes)

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.