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Seção Sindical dos Docentes da UFV

Participantes de uma audiência pública, ocorrida no Senado, nessa terça-feira (06), avaliaram como inconstitucional o projeto de reforma da Previdência, que está em análise na Câmara dos Deputados. O debate foi realizado pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e tratou do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência Social, que apontou que o sistema não é deficitário e, sim, mal gerido.



O objetivo da discussão, segundo o presidente da CPI, senador Paulo Paim (PT-RS), foi deixar claro o posicionamento contrário do colegiado à proposta do governo por meio do debate dos resultados alcançados pela CPI. Sobre as conclusões da comissão, o relator, senador Hélio José (Pros-DF), afirmou que a principal finalidade da comissão sempre foi expor “a verdade doa a quem doer” em relação ao suposto déficit da seguridade social: “nós comprovamos por A e B e por isso o relatório foi aprovado por unanimidade, inclusive pelo líder do governo na Casa —, demonstrando que as contas estavam em bases erradas. Na verdade, o que ocorre é uma grande falta de gestão e de direcionamento correto, além do sucateamento do INSS”, disse.



“DNA inconstitucional”

De acordo com o representante da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), Mauro Silva, a reforma possui um “DNA inconstitucional”. A retirada de um direito social, informa o auditor, só é permita quando é absolutamente necessária para o reajuste das contas do governo, segundo o Princípio da Proporcionalidade previsto na Carta Magna. “Se o governo não fez a sua parte, não combateu as fraudes, não combateu a sonegação e continua dando benefícios economicamente ineficientes (para empresas), então, por esse princípio básico da Constituição, nenhum direito social pode ser retirado”, declarou na audiência. Silva informou ainda que, atualmente, a Receita conta com 3.300 auditores a menos do que há dez anos. Para ele, este dado é suficiente para concluir que as fraudes não estão sendo combatidas da forma adequada.



A inconstitucionalidade da reforma também foi defendida pela senadora Fátima Bezerra (PT-RN). Segundo ela, a proposta de reforma faz parte de um esforço do governo para um “desmonte da Constituição de 88”. Fátima classificou ainda como uma “falácia” o déficit da Previdência.



Fraudes

O presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Carlos Silva, chamou atenção para o crime de “apropriação indébita previdenciária”, previsto no Código Penal. Ele explicou que a infração ocorre quando o agente empregador deixa de repassar à Previdência as contribuições recolhidas dos empregados contribuinte no prazo e de forma legal. O sindicalista disse ainda que a ocorrência do crime é algo que o governo tem conhecimento: “em todos os anos, constatamos que cerca de R$ 30 bilhões são apropriados de forma indevida”.



A cobrança de dívidas de grandes empresas foi defendida também pelo presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Guilherme Guimarães Feliciano. Segundo ele, é mais óbvio “cobrar do grande para poupar do pequeno”, ou seja, cobrar das grandes empresas devedoras o que é devido aos cofres públicos para não ser necessário cobrar do pequeno trabalhador. Contudo, Guimarães afirma que a reforma da Previdência e demais propostas do governo seguem o raciocínio oposto: o de “cortar do pequeno para assegurar ao grande”.



Mudanças

Três pontos principais presentes no texto da reforma foram citados na audiência: o aumento tanto do tempo de contribuição quanto da idade para se ter direito ao benefício e a diminuição do valor da aposentadoria. Para o vice-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Antônio José de Carvalho Araujo, o aumento dos anos de trabalho é o maior problema da proposta do governo. “Caso seja aprovada, a reforma vai retirar o que nós temos de mais precioso: o tempo. Ela vai forçar o trabalhador a contribuir por 40 anos para ter direito a um benefício integral”, declarou o juiz.



Veja aqui reportagem da TV Senado sobre a audiência.



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(Agência Senado com edições da Assessoria de Comunicação da Aspuv)<

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